domingo, 13 de novembro de 2011

Mais um poema para a coleção

Depois de um longo e tenebroso inverno sem escrever, me inspirei na luta dos movimentos sociais e do povo oprimido em seu cotidiano e resolvi postar o meu mais novo poema. Sou daquelas pessoas utópicas que sonham com dias melhores... o que é foda, já que não dá pra sonhar com dias melhores sem fazer uma série de coisas, de abnegar-se, resistir e seguir adiante, na luta junto ao povo.
Lutar junto ao povo. Condição necessária para que essa porra de mundo mude!
Acontece que nenhum movimento me inspira... tive, aliás, muitas decepções com movimentos que achei que eram sérios.
Espero um dia montar o meu coletivo com outros lutadores. Gostaria que o Coletivo se chamasse "Modifique o Verbo". Acredite ou não, tenho pensado nisso desde ontem!!!
Bem, segue o poema e lembre-se: uma coisa é assistir a história, a outra é fazer história!



MODIFIQUE O VERBO

RESIGNAR POR AGIR
CONFORMAR POR REAGIR
LUTAR, LUTAR, LUTAR – ESTE NÃO SE MODIFICA JAMAIS

DESISTIR POR RESISTIR
DESCONHECER POR REFLETIR
AMAR, AMAR, AMAR – ESTE NÃO SE MODIFICA JAMAIS

ASSISTIR POR PARTICIPAR
CONSERVAR POR MUDAR
LUTAR E AMAR SÃO VERBOS IDÊNTICOS, IGUAIS

SÓ SE LUTA POR AMOR
SÓ SE LUTA COM AMOR

CONSUMIR POR EXISTIR
TER POR SER
PENSAR, LUTAR E AMAR... SEMPRE IGUAIS

RESISTÊNCIA E LUTA – SUBSTANTIVOS
 NOS MARCAM DIANTE DA VIDA
DIANTE DO MUNDO
DIANTE DE NOSSA PRÓPRIA EXISTÊNCIA... DE SUJEITOS CONCRETOS


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

28 de Setembro: dia latino-americano e caribenho de luta pela legalização e descriminalização do aborto


Este é um tema tabu e, por isso, deve ser discutido em toda sua complexidade, levando em consideração que há uma carga ideológica-alienante muito grande em relação a este tema. Com isto, talvez não conseguirei esgotá-lo aqui, desejando que as companheir@s pesquisem mais sobre o tema.
Este dia foi escolhido pelas mulheres presentes no V Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho, em 1990 na Argentina, como o Dia de Luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto.
A luta feminista por esta causa tão cara à vida e à sexualidade das mulheres era debatida, discutida e reivindicada já fazia algum tempo. Não há uma historiografia oficial sobre isso, mas desde que as mulheres se fizeram conscientes de que seu corpo lhes pertence, não sendo da Igreja ou dos maridos, elas reivindicam a legalização do aborto, mas em termos de historiografia não oficial, vamos colocar os anos 70, principalmente nos EUA, como um ponto marcante na história ocidental sobre a discussão de políticas afeitas aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Estima-se, ainda, que o primeiro país a legalizar o aborto tenha sido a Rússia no final da década de 10, do século XX, com o advento da Revolução Russa e ascensão do proletariado ao poder, derrubando o czar Nicolau.
Em outros países, como Itália, Inglaterra, França e Suécia, o aborto não é um crime, antes, pelo contrário, é um direito garantido às mulheres.
Mas, você irá pensar: legalizar o aborto vai fazer com que um monte de mulheres abortem! Sem contar, que isto é a interrupção de uma vida, etc, etc, etc, etc...
Mas, o que a triste realidade nos mostra é que a verdade sobre a criminalização do aborto é mais cruel do que se pensa: estima-se que 1000 mulheres morrem por ano por realizarem aborto clandestino. Porém, o número de gravidezes (palavra que fica esquisita no plural) interrompidas por abortamento voluntário é de 2 milhões por ano. Este é um número não oficial, pelo fato do aborto ser ilegal no país, exceto em dois casos: gravidez que provoque risco de vida à mãe ou decorrente de estupro. Isto quer dizer, que não é porque você é contra que as mulheres deixam de fazer o aborto.
Com certeza, se o aborto fosse legalizado, o Estado teria um número sobre tais procedimentos e, desta forma teria indicadores para trabalhar com esta questão, fazendo com que este número diminua consideravelmente, por meio de políticas preventivas.
Há uma razão de ser social e econômica na criminalização do aborto: as clínicas clandestinas, que cobram cerca de 3 mil reais para realizar os procedimentos, ganham milhões por ano, sendo pagas por aquelas mulheres que têm dinheiro pra pagar um abortamento seguro. Com isto, concluí-se que muitas são as pessoas que estão lucrando com a criminalização. Inclusive, o lobby feito nas esferas de poder político contra a legalização do aborto não acontece apenas por parte dos religiosos conservadores, mas por muitos que lucram com a clandestinidade.
Na outra ponta desta tênue linha, há milhares de mulheres pobres e negras que quando tentam o abortamento, morrem. Isto deflagra a desigualdade social da qual as mulheres empobrecidas e da classe trabalhadora são as maiores vítimas.
A mulher que tem dinheiro paga o procedimento, não é presa e sai da clínica sem nenhuma sequela decorrente de sua decisão. Já as mulheres pobres, morrem quando escolhem pelos seus corpos. Aquelas que não morrem podem ficar com sequelas irreparáveis, sendo bastante humilhadas pelos profissionais de saúde, por terem tomado a decisão de não levarem adiante uma gravidez.
E ai, resta apenas a pergunta: o aborto é criminalizado para quem??????
Outro ponto importante do tema é a questão de que não é porque o aborto é legalizado que toda mulher sairá abortando... isto é uma coisa lamentável de se ouvir!
Nós, mulheres, temos a nossa ética e nossos princípios. Portanto, se acharmos o aborto uma coisa errada, não o faremos.
Pesquisas mostram que nos países onde o aborto foi legalizado, o número de abortamentos é menor (bem menor) do que nos países onde o aborto é feito na clandestinidade.
Outra coisa, a legalização do aborto não aprovaria a interrupção da gravidez até o nono mês de gestação, como muitos pensam... o aborto é legalizado até 12 semanas de gravidez, em países onde tal procedimento não é criminalizado.
Além disso, legalizar o aborto e ter políticas preventivas de Estado para que as mulheres não abortem é uma questão crucial quando pensamos que este é um problema de saúde pública. A criminalização do aborto mata duas vidas: a da mãe e a do feto.
Com tudo isto, posso dizer: não é porque sou a favor da legalização do aborto que sou a favor do aborto. Ser a favor ou não do aborto é uma escolha pessoal. Ser a favor ou não da legalização do aborto é uma escolha que tem em seu cerne o senso de coletivo e leva em consideração o bem estar e a vida de milhares de mulheres.

Fontes:

Disponível em: http://sapatariadf.wordpress.com/legalizacao-do-aborto-10-razoes/
Acesso em: 27/09/2011 às 16h25min

Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/descriminalizacaodoaborto.pdf
Acesso em: 27/09/2011 às 16h25min

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Moção de apoio às famílias despejadas do Jd. Santo André.






Venho por meio desta repudiar a atitude da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) que realizou uma reintegração de posse, nesta terça-feira (20/09), no Jd. Santo André, em Santo André. Estima-se que 111 famílias foram despejadas, sendo que boa parte delas não têm para onde ir e, com isto, repudiamos também a omissão da Prefeitura Municipal de Santo André que se eximiu da responsabilidade de atender as famílias sem cadastro, por se tratar de um terreno Estadual.
A CDHU realizou a ação, mediante decisão da juíza Luciana Biagio Laquimia e, ainda baseado na desculpa de que aquela era uma área de risco.
Ocorre que muitas destas famílias não tinham cadastro e, por isso, não têm o direito de receber o benefício do Aluguel Social, e agora estão sem ter para onde ir e sem garantia de atendimento definitivo em projeto habitacional da CDHU ou mesmo municipal. Ainda os que tiveram acesso ao benefício, não conseguem alugar casa com os valores oferecidos pela Companhia, que giram de R$ 280,000 a R$ 380,00, devido à especulação imobiliária cada dia mais presente na região do ABCDMRR, que encarece cada vez mais o aluguel.
Com isto, manifesto meu total apoio às famílias despejadas... mais uma vez, o direito habitacional esbarrou na burocracia da administração pública.
Recordo com este manifesto, também, que a cidade de Santo André é uma das que mais exploram o fator de especulação imobiliária no ABC, uma vez que há mais apartamentos vazios na cidade do que o próprio déficit habitacional municipal.
Venho também me solidarizar com os companheiros, assistentes sociais, que foram demitidos por lutar pela garantia do direito habitacional de tais famílias, em especial o assistente social Adailson Luiz Nascimento, companheiro de luta e amigo de todas as horas.

  • Basta de especulação imobiliária nos municípios do ABC;
  • Que Santo André faça cumprir a lei que diz respeito à função social da propriedade urbana, concedendo os apartamentos vazios que estão supervalorizados no centro da cidade a quem realmente precise de um lugar para morar;
  • Que o CDHU garanta atendimento no Auxílio Aluguel para estas famílias sem cadastro e, na impossibilidade de atendimento via projetos da Companhia do governo Estadual, que a Prefeitura de Santo André garanta o aluguel social às famílias despejadas sem cadastro do Jd. Santo André, garantindo atendimento posterior em projeto de habitação da Prefeitura.
  • Todo apoio e solidariedade aos companheiros demitidos.
Fonte: 
Acesso em : 22/09/2011 às 13h30min

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Campanha "Erguendo Barricadas: nenhum militante a menos"


Apesar de não vivermos mais sob o signo da Ditadura Militar, ainda somos perseguidos e mortos pelo o que lutamos.
Estima-se que mais de 1800 militantes de movimentos sociais sejam todos os dias ameaçados de morte. A situação torna-se ainda mais grave porque o Programa de Proteção Nacional não oferece as medidas necessárias para a proteção integral destas pessoas.
A APROPUC (Associação dos Professores da PUC)  e outros movimentos sociais lançaram na última segunda-feira a campanha "Erguendo Barricadas: basta de assassinatos! Nenhum militante a menos"


E a reportagem do lançamento da campanha, você vê a seguir:




Plebe Rude rachando o concreto no Sesc Belenzinho

Capa do primeiro album da Plebe Rude "O Concreto já rachou"

Sou assistente social e não crítica de música. Mas, não posso deixar de escrever sobre o que vi e vivi no dia 06 de Agosto de 2011, no SESC Belenzinho.
Pra quem não sabe, a Plebe Rude ainda faz shows, ainda lança álbuns e está melhor do que nunca, agora com a turnê de lançamento do álbum Rachando o Concreto Ao Vivo, 30 anos.
Sim, a banda de Brasília que surgiu nos anos 80, como a melhor das bandas, nas palavras do próprio Renato Russo, está em ótima forma com Clemente, líder da também banda punk fodástica oitentista Inocentes, substituindo Jander Bilaphra e o mais novo baterista, Marcelo Capuchi. Do resto, a melhor banda de Brasília de todos os tempos contiua a mesma: com Philipe Seabra e André Mueler, além da sempre virtuosidade de uma banda que após 30 anos, venceu os percalços e continua firme e forte.
Nunca fiz resenha de show, mas segue meu "parecer" sobre esse show maravilhoso, que rolou num sábado a noite:

A Plebe Rude e seus 30 anos de história


Show da Plebe Rude no SESC Belenzinho

Passados 30 anos do surgimento da banda e 25 anos do lançamento do álbum manifesto "O Concreto já Rachou", de 1985, a Plebe fez um álbum de comemoração o "Rachando o Concreto Ao Vivo, 30 anos", com o lançamento de CD e DVD, em Maio deste ano.
Divulgando o novo album, a banda iniciou a turnÊ no mês de julho, iniciando suas apresentações em Florianópolis e logo depois em Curitiba.
Nos dias 05 e 06 de Agosto, a banda se apresentou em São Paulo em dois shows incríveis na Comedoria do SESC Belenzinho, tocando músicas existencialistas e de crítica social, sempre na pegada forte que a Plebe já está acostumada desde seu nascimento.
O show começou com "O que se faz", passando por músicas como "Katarina", "Medo" da não mesmo importante banda punk paulistana Cólera, dentre outras tão especiais como "Bravo Mundo Novo", "Brasília", "Censura", "Pressão Social", "A Ida", "Este ano", "Dançando no Vazio", etc... todas ótimas para pular e gritar e cantar junto (e bater cabeça)... coisas de fã!

Philipe Seabra encima da mesa.

Mas, pra mim, o ponto alto do show foi quando a banda tocou "Proteção", uma das músicas mais importantes do rock de Brasília. Com todo o vigor que o som exige, a banda acoplou à música "Selvagem", dos Paralamas do Sucesso e "Pátria Amada" dos Inocentes, sem contar que o Philipe Seabra desceu do palco, literalmente, deixando o povo totalmente maluco - um cara deixou um copo de caipirosca cair no chão, deixando a pista de dança um sabão (perigosíssimo pra quem "pogou") - e depois subiu em uma mesa. Na descida, acreditem... ele pegou na minha mão :O.
E como não poderia deixar de ser, a Plebe Rude finalizou o show tocando... tocando... tocando... adivinhem... claro, o grande sucesso da banda, uma das músicas nacionais mais importantes para qualquer militante de esquerda, ela... "Até quando esperar"! Um verdadeiro hino da geração de roqueiros que resistiram à ditadura militar nos anos 80.
Depois disso, o show acabou e claro, eu e meu marido estávamos tão felizes, tão contentes e com uma energia tão excelente que esquecemos de pagar o estacionamento do SESC!!!


Banda assim... NEVER MORE!

Pode parecer que estou tendo um ataque de fã histérica, mas é impossível falar de Plebe Rude sem citar a sua história de luta e resistência.
Herbert Vianna dizia a eles: "Vocês são punks, mas são burros", referindo-se às insubordinações da banda em relação à vontade das gravadoras, no caso, a EMI Odeon.
Mas, enfim, isto seria sinal de burrice??? Acho que não! Creio que seja mesmo o desejo sincero de ser coerente. De aproximar o máximo possível as letras cantadas com a carreira vivida.
Hoje, infelizmente, não temos mais esta sorte. Não vemos mais bandas de rock cantando músicas de protesto e pesadas.
Parece que a música jovem atual vive o mesmo processo de letargia em que vivem milhões de jovens no Brasil. Ainda que muitos jovens desenvolvam um histórico de militância, somos ainda a minoria em relação àqueles que não estão nem ai pra nada.
Deste modo, a música emo é resultado do mundo Pós-moderno, com seus valores de individualismo, esvaziamento do sentido de coletivo, incredulidade das pessoas em relação ao próximo e aos projetos individuais e societários.
O Emo, apesar de muita gente dizer que se parece com o punk, deste se distingue e se distancia em todos os sentidos.
A péssima qualidade da música que escutamos hoje não se refere a apenas e tão somente à falta de ideologia apresentada nas letras, mas também à irrisória qualidade técnica das bandas, que em muito saem perdendo para bandas como Ultrage a Rigor, IRA!, Legião Urbana, dentre muitas outras.




Ainda bem que temos bandas que resistem ao mercado, resistem aos modismos, resistem à MTV e a outras cositas mais, como a Plebe Rude.
Sendo ainda mais puxa-saco tenho que admitir: ainda que eu fale e continue falando bem da Plebe, nada se compara ao valor que a banda realmente tem pra mim.
VIVA A PLEBE RUDE! VIVA O ROCK RESISTENTE E COERENTE!
QUE O ROCK NACIONAL DOS ANOS 80 SEJA CONSIDERADO PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO!!!!




quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O "aço inglês" e os distúrbios de Londres



A cidade está em chamas! A cidade está quebrada! Comerciantes perdem suas lojas! Moradores perdem suas casas! E porquê?!? A TV e o rádio só apresentam, mas não procuram explicar o que está acontecendo em Londres... será que a juventude se revoltou por causa da morte de UM HOMEM pelas mãos pesadas da polícia inglesa????
Todo mundo mostra o quanto a juventude londrina é violenta, mas ninguém analisa o porquê de tamanha revolta por parte dos manifestantes. A verdade é que a xenofobia e o racismo se exarceberam após as crises econômicas na Europa e incluso nisto está a Inglaterra, um ex-país imperialista que hoje padece em sua condição de potência em crise nefasta. Com isto, a polícia é autorizada pelo governo a se utilizar de força contra qualquer jovem que seja suspeito, lê-se negros, mulçumanos, dentre outras minorias.
A juventude que vive em Londres não aguenta mais ser espancada pela Scotland Yard! Não quer mais ver sua cidade como alvo de políticas do governo apenas por causa das Olimpíadas de 2012! Não quer mais a pobreza e nem a fome! Quer emprego e uma vida livre para ir e vir quando bem entender sem ser confundido com terrorista ou bandido pela mão armada do Estado!
A juventude inglesa tá revoltada! E estes distúrbios só nos mostram que o Capitalismo e suas crises cíclicas já não servem mais para humanidade.
Que a juventude inglesa páre de enfrentar a questão com violência, tornando-se mais consciente de seu papel histórico, de força motriz da revolução, com outros métodos de luta, muito mais pacifistas e inclusivos. Mas, enquanto isso, continuemos observando a violência que vem de Londres como um momento ímpar na história da humanidade.
A violência não se justifica, mas se explica!!!!!!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Mídia esportiva e machismo: tudo haver


No último domingo, assisti com meu noivo e com o meu sogro o jogo do Brasil contra os EUA, pela Copa do Mundo Feminina de Futebol. Era jogo eliminatório das quartas de final do torneio.
Eu, como amante de futebol, prestei atenção no jogo todo. Não digo que prestei muita atenção, porque naquelas horas o almoço pesado de domingo já estava fazendo efeito e me provocando sono. Mas, até onde eu vi, o jogo foi ruim pra caramba. Na verdade, nem a Marta conseguiu criar muita coisa, mas das oportunidades que teve ela fez gols. Graças a ela, aliás, conseguimos um empate que nos levou à prorragação. Graças a ela também estivemos em vantagem numérica no placar até o finalzinho do segundo tempo da prorrogação, quando no último minuto, a americana empatou o jogo, levando a decisão para os pênaltis.
Estava indo tudo muito bem na transmissão da partida (BAND). Eu pelo menos não notei argumentos  machistas, nem por parte do narrador, Luciano do Vale e, nem tampouco do comentarista, Neto.
Como já é sabido, o Brasil perdeu a vaga nas semis com uma penalidade defendida pela goleira dos EUA, a Hope Solo.
Depois da partida ouvi muitas pessoas colocando esta moça como uma musa. Ela é musa óbviamente porque foge dos padrões físicos apresentados pela maioria das jogadoras de futebol, que ralam todos os dias para treinar e ainda sustentar a família em atividades remuneradas extra-campo. Ela é uma mulher alta, jovem, branca, dos olhos claros e desta forma, está obviamente dentro do padrão de beleza estabelecido pelo patriarcado e pelo capitalismo, que faz com que muitas empresas de cosméticos e cirugiões lucrem milhões todos os anos com a verdadeira esquizofrenia que lança sobre as mulheres, divulgando padrões de beleza inalcansáveis para qualquer mulher comum.
É impressionante o que o mundo machista faz: ela é goleira, uma excelente jogadora de futebol... e dão maior enfâse aos atributos físicos da atleta, como se o lado profissional não contasse muito para quem é mulher.
Não é por nada não, mas essa goleira tá com mais ibope do que a própria Marta, melhor jogadora do mundo na atualidade. Os homens machistas que trabalham no jornalismo esportivo ou nas mídias de fofoca devem párar pra pensar e reconhecer que mulher também gosta de futebol, entende de futebol e sabe muito bem quando uma sacanagem dessas acontece. A jogadora que é valorizada é a bunitinha, ou então, aquela que, como a Marta, tem uma qualidade futebolística superior a média. Fora a parte isso, a mídia esportiva nem lembra de futebol feminino.
Quando nós mulheres que gostamos de futebol falamos sobre os atributos físicos de algum jogador, logo somos consideradas burras, que só assistem futebol masculino pra ver perna e bunda de homem e, portanto, a mesma consideração deve servir para os homens.
Isto de ficar falando que é bonita a jogadora tal, a fulana de tal... isso pra mim é coisa de homem que não entende bulhufas de futebol. COMEÇA A PRESTAR ATENÇÃO NO JOGO, RAPAZ!
E para nós, mulheres, é sabido que existem lugares e espaços reservados aos homens e isto deve ser uma coisa abolida de uma vez por todas. As mulheres devem estar em todos os espaços e muito mais naqueles espaços que historica e culturalmente foram reservados aos homens: no rock, nos bares, no futebol, na mídia esportiva, nos cursos de exatas das faculdades (lecionando).
Já tivemos alguns avanços, mas se comparados ao poder patriarcal, são irrisórios. Haja vista, a falta de comprometimento do poder público para com o futebol feminino, que permanece nos becos do esporte.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dicas de filmes

Olá pessoas!
Saindo um pouco do tema da política, mas ainda falando sobre ela, venho deixar aqui algumas dicas de filmes com os quais me identifiquei.

Começo com as animações:

                                    
                               
Mary e Max: Uma amizade diferente (2009)
 Uma animação belíssima com um estilo bastante diferente do que estamos acostumados a ver. Não é uma animação infantil, pelo contrário. É uma animação bastante densa e dramática, que conta a história de uma menina australiana que se torna amiga por correspondência de um homem americano de 40 anos, portador da Síndrome de Asperger.
Esta película encantadora mostra como é barbára a troca de experiência entre pessoas opostas e incluso nisto está o processo de aprendizagem e compreensão multua.
Difiícil assistir, sem se emocionar.

Realização: Mark Gooder, Paul Hardart, Tom Hardart, Bryce Menzies, Jonathan Page
Duração: 92 min.
País: Austrália



Persepolis (2007)
Um filme ambientado no fim dos anos 70, no Teerã, capital do Irã. Conta a história das várias etapas da vida de Marjane, uma mulher iraniana que vive todo o processo da revolução que culminou na derrocada do Xá, a guerra do Iraque imposta a seu país, a repressão fundamentalista imposta às mulheres, o encontro com o punk e com a cultura ocidental, a fuga para a Europa e o reencontro com o país de origem, totalmente devastado pela guerra. Um filme de caráter existencialista, que coloca em cheque a crença em Deus e ao mesmo tempo, questiona o niilismo. Um filme leve, mais que ao mesmo tempo te faz pensar na condição dos seres humanos em um país onde a guerra e a repressão perduram.

Realização : Vincent Paronnaud, Marjane Satrapi
Duração: 96 min
Idioma : Francês


Terra Fria (2005)
Um filme baseado em fatos reais, ambientado nos Estados Unidos, no final da década de 80, que conta a história de Josey Ames, trabalhadora do ramo de mineração. Apesar de ser discriminada no ambiente de trabalho pelo fato de ser mulher, ela passa a lutar nas assembleias de seu sindicato, totalmente machista, por melhores condições de trabalho para as mulheres na mina. Mostra exatamente a condição da mulher no sistema capitalista e patriarcal, a competição entre homens e mulheres no mercado de trabalho, o estupro, a maternidade, a discriminação contra as mulheres trabalhadoras.
No cartaz do filme, está a sintese de toda a história: "Tudo o que ela queria era fazer a vida. Acabou fazendo história".
Filme imperdível para quem quer refletir e discutir sobre relações de gênero e identidade de classe no capitalismo.

Direção: Niki Caro
Atores: Charlize Theron, Elle Peterson, Thomas Curtis, Frances McDormand.
Duração: 126 min.


 MIlk: A voz da igualdade (2008)
Um filme maravilhoso que se passa na década de 70, em São Francisco, sobre a vanguarda do movimento gay nos EUA. Conta a história de Harvey Milk - brilhantemente interpretado por Sean Penn - grande militante da causa gay, que viria a se tornar político americano, posteriormente.
 Mostra a correlação de forças na política que sempre nos subtraem condições de levarmos adiante a defesa de direitos civis elementares. Por isso, "Milk" mostra exatamente como funciona o jogo sujo da religião na política institucional para que os LGBTs tenham suas causas ridicularizadas ou invisibilizadas.
Vou párar por aqui, pois se não vou acabar contando o final hehe.


Direção: Gus Van Sant
Atores: Sean Penn, Emile Hirsch, Josh Brolin, Diego Luna.
Duração: 128 min

Uma outra história americana (1998)
Filme denso que conta a história de Derek, jovem neonazista que vai párar na cadeia por assassinato motivado por razões étnicas, e lá descobre que todas as suas convicções em relação às minorias sociais estavam equivocadas. O filme é interessante porque mostra o processo de construção de uma pessoa fascista e esta construção está fatídicamente ligada à barbárie inerente às contradições entre capital e trabalho. Paralelamente a isso, o filme mostra a história do irmão mais novo de Derek, interpretado por Edward Furlong, que está prestes a assumir a liderança de um grupo nazi em sua cidade... toda esta história de intolerância e ódio culmina num final surpreendente, que dialeticamente nos remeterá ao início do filme... a todo o processo de construção do sujeito concreto. O filme é um pouco violento, tire as crianças da sala.

Direção: Tony Kaye
Atores: Edward Norton, Edward Furlong, Beverly D'Angelo, Jennifer Lien.
Duração: 119 min


Terra e Liberdade (1986)
Conta a história de David Carr, jovem comunista inglês que deixa Liverpool, em meados dos anos 30, para lutar na guerra civil espanhola junto ao grupo armado de esquerda, P.O.U.M. (Partido Operário de Unificação Marxista), contra o fascismo de Franco.
O filme é excelente, colocando em questão a divisão das esquerdas como fator preponderante para a ascensão da barbárie.
Super cult... assista!

Direção: Ken Loach
Elenco: Ian Hart, Rosana Pastor, Icíar Bollaín, Tom Gilroy e Marc Martinez
Duração:109 minutos

Somos todos Amanda Gurgel



Apoiado, professora!!!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Bolsanaro, Delfim Neto, Paulinho da Força e morte do Bin... não necessariamente nesta mesma ordem

Olá, queridos companheiros!
Há muito tempo não escrevo. Não por falta de assunto e nem por falta de tempo, mas por falta de vergonha na cara mesmo.
Agora resolvi romper com o silêncio e falar o que está engasgado na minha garganta.

Dilma, Paulinho e Lula: "Nunca fomos tão amiguinhos"

Vamos começar com  as várias declarações polêmicas que escutamos todos os dias.
Primeiro, Paulinho da Força, deputado federal pelo PDT, que afirmou categoricamente que os operários de Jirau estavam putos da vida e em greve pela falta de mulher no canteiro de obras e, por isso, deveria haver um bordel no local para que as greves enfim cessassem. Ora, um ex-sindicalista deveria ao menos ter um pouco mais de cuidado em sua análise de conjuntura e deveria saber no mínimo quais as condições que os trabalhadores - não só os de Jirau, mas os trabalhadores envolvidos nas obras do PAC em geral - enfrentam para ganhar o seu pão diário. São alojamentos mal estruturados e em condições precárias de habitabilidade, uma clara desigualdade referente aos direitos trabalhistas entre os trabalhadores efetivos e os terceirizados, salário de fome, enfim.
Este é o reinado de Dilma e Lula. Este é o reinado brasileiro para a Copa e as Olimpíadas que virão. Dane-se o trabalhador. O que importa é que a Usina de Jirau fique pronta, o que importa é que o estádio de Fortaleza se modernize. O que importa é que os gringos vejam um Brasil em condições de receber eventos de tamanha importância.
O ser humano obviamente passa despercebido nesta história toda. Muitos são os impactos ambientais e sociais ocasionados pelas obras do PAC para os próximos anos. Parece que vejo a mesma novela da década de 70 se repetir, com a única diferença de que hoje vivemos uma ditadura disfarçada em pele de democracia burguesa.
Mas, voltemos às declarações polêmicas do ex-sindicalista e, vamos refletir em outro ponto: além de desmerecer as necessidades dos trabalhadores do PAC em greve, que estão lutando por melhores condições de vida e de trabalho, o deputado coloca a mulher no papel de apaziguadora da luta de classes, por meio de um sexo bom de fornicar!!! Mais uma vez, a mulher é colocada como objeto, que deve satisfazer os desejos masculinos, sem se importar com sua própria vontade. E esta é a história do Brasil e do povo brasileiro. Um país hipócrita e moralista, mas ao mesmo tempo um país que coloca as nossas mulheres como uma coisa, para o deleite masculino.
Bem, vocês já sabem a minha posição sobre isso: Deputado, mulher não é auxílio trabalhista. Nós, mulheres, sejamos prostitutas ou não, nos sentimos ultrajadas com tal declaração.
Delfim Neto
Ademais, vamos a uma outra polêmica, mas agora se trata de uma declaração do economista e ex-ministro da Fazenda, o Sr. Delfim Neto. Este, na edição do programa Canal Livre, apresentado no dia 04/04/2011, tentando explicar a ascenção social de parcelas da população, afirmou que hoje em dia é difícil haver empregada doméstica e que, quem quisesse procurar tal "animal" teria dificuldades em achar! Sim, ele comparou as empregadas com animais e foi exatamente esta palavras que ele utilizou.
Logicamente, mais uma vez, precisamos refletir sobre isso: quem são as empregadas domésticas no nosso país? São as negras e nordestinas em São Paulo, para sermos mais precisos vamos colocar em pauta a nossa realidade, vamos falar de São Paulo. Estas empregadas na maioria das vezes não têm vínculo empregatício formal e por isso, sofrem com as relações precárias de trabalho, além da falta de direitos trabalhistas que são excepcionais para elas, como o auxílio-doença nos casos de acidente de trabalho, que é a causa principal de desemprego entre as diaristas e domésticas. Além disso, a empregada doméstica é tratada como um burro de carga, ou melhor, como escrava, mesmo.
Páre para ler, qualquer dia desses, um desses folhetos de empreendimentos imobiliários que te entregam no farol. Páre pra ver se o apartamento tem quarto de empregada... tem? Se tiver, procure na planta e veja se neste quarto tem janela... não tem, né!? Pois é, né. Empregada doméstica não respira e o único direito dela é obedecer o patrão.
Mas em relação à isso, o movimento das empregadas domésticas já está atento e inclusive, o Sr. Delfim Neto recebeu uma notificação extra-judicial movida pela ONG Doméstica Legal, que organiza as domésticas em torno de suas lutas comuns.¹

Bolsanaro em sua época de Gestapo

Agora, vamos para um assunto que já deu no saco, né! O Bolsanaro... bem, sobre ele eu nem tenho muito o que dizer. Afinal de contas, creio que nós companheiros e companheiras de luta temos o mesmo pensamento em relação a este verme.
Uma pessoa racista, machista, homofóbica, que se diz se "lixar" para o movimento gay - que afinal de contas, é um movimento social, poxa - e que afirma que apoia uma ditadura militar no Brasil só merece as nossas vaias e nosso rancor, mas nunca o nosso desprezo. São pessoas como estas que se elegem para fazer do Brasil um país cada vez pior, cade vez mais reacionário.
São pessoas como estas que temos que combater nas ruas, em nossas conversas diárias, mas principalmente em período eleitoral. O duro é que boa parte dos brasileiros continua muito conservadora. Segundo o sociólogo da PUC-Minas, Rudá Ricci, está nascendo no Brasil um movimento ultra-reacionário composto pelos novos atores sociais que sairam da pobreza e alcançaram o patamar de classe média². Dentro disso, a religião de matiz cristã está em sintonia com a política. Estas são pessoas que conseguiram uma ascenção social, mas ao mesmo tempo são totalmente contra aos direitos das mulheres e dos homossexuais, porque consideram o direito ao aborto um crime e o casamento gay, um pecado, por exemplo.
Enfim, a mudança cultural é um processo longo e doloroso... precisamos mudar as nossas condições objetivas para que as características subjetivas da população brasileira sejam alteradas. E eu não vejo outro caminho para isso. A não ser nas ruas, assinando abaixo-assinados, fazendo twitaço contra esse cretino. Sei lá! Mas, se alguém souber de um desses movimentos contra este cara, por favor me avise.
P.S.: Acreditem ou não, Jair Bolsanaro é um dos integrantes suplentes da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, na Câmara dos Deputados.

Luto ou não: Morte de Osama

Dizem por ai que o Sir. Osama Bin Laden morreu.
Bem, se isso for verdade, digo que é uma perda humana inestimável. Inestimável, porque ele assim como nós era um sujeito concreto, produto e produtor deireto do meio em que vive, sempre alterando e sendo alterado pela realidade.
Ao contrário da alta burguesia ianque e dos ianques menores, alienados, que batem palmas em pé para Obama e Michelle, devo dizer que o Bin foi o único que teve coragem de enfrentar o imperialismo norte-americano de uma forma objetiva. Claro, que essa relação foi muito contraditória: ao mesmo tempo, em que ele enfrentou o imperialismo, ele também aliciou centenas de jovens com um discurso profético de muitas virgens no paraíso para quem sacrificasse sua vida. Ou seja, ele não é herói não!
Mas, podem dizer que sou politicamente incorreta, como podem dizer, também, que eu sou extremista. Mas a verdade é que o Sir Bin Laden bombardeou as torres gêmeas e o Pentágono em um dia, mas e o Estados Unidos, quanto tempo havia que estava em guerra com o Afeganistão?
Pensam que é fácil viver em um país sitiado militarmente pelo imperialismo? Pensam que é fácil ser estuprada por um soldado ianque? Pensam que é fácil ter seu filho morto por um bombardeio? Bem, eu acho que não.
Para toda ação há uma reação e esta foi a reação escolhida por ele.
É claro que sinto muito pelas vidas perdidas no onze de setembro de 2001. Da mesma forma como sinto muito pela guerra aberta ao Iraque, após este ocorrido.
Me lembro dos primeiros bombardeios. Estavam passando o jogo do São Paulo, era uma quarta-feira. Cortaram o jogo para passar as imagens do bombardeio numa área civil... muitas crianças inocentes morreram.
Mas, vamos párar de lamentar e vamos partir pra realidade: Será que Osama, realmente morreu???
Depois desta imagem³, eu acho que não. Aliás, é uma montagem bem mal feita.

Nem no Photoshop conseguem matar o Bin Laden!

sábado, 2 de abril de 2011

Numa manhã de sol, São Paulo acordou com a mesma fedentina do dia anterior

Acordo!
Escrevo, pego ônibus, metrô.
Chego no destino.

O conhecimento me espera
A verdade me liberta
E pode libertar a tantas outras, também.

Na cidade grande,
os garis estão lavando as calçadas,
expulsando das ruas aqueles que nelas vivem.
Empobrecidos, excluídos, marginalizados.
Tratados feito lixo medonho que deve
ser expulso a qualquer preço e jogado no lixo.

Então isto é higienismo?
Higienismo = exclusão+desrespeito com o ser humano.
Verdadeiramente, a política paulistana é de higienização.
É isto a revitalização do centro?
"Revitalizam" a cidade em detrimento dos direitos humanos.

Mas, não tem problema!
A população de rua sai da frente do Páteo,
para ocupar um espaço na sargeta localizada atrás do Prédio do judiciário.
Quem deveria garantir-lhes os direitos conquistados,
são, agora e sempre, aqueles que os oprimem.

Mulheres e crianças ficam atrás do prédio,
escutando as promotoras legais populares,
que aos sábados pela manhã lutam contra o sistema.
Tomara que de fora eles consigam ouvir alguma coisa!!!

A aula começa,
oficinas, discussões, companheiras exemplificando suas relações,
com a própria vida.

Intervalo!!!
Mas, não para o espírito:
uma mulher é espancada pelo marido no Páteo do Colégio,
em plena Sé,
na frente de poucas feministas e promotoras legais.

Logo, a polícia é chamada.
A mulher foge e o homem não é preso.
É isso, não foi preso, ainda que no flagrante.

Rola um sentimento de IMPOTÊNCIA
e daí um grande mistério existencialista:
o que é a nossa vida sem uma prática conforme o discurso?

A mulher espancada segue fugida.
Não se sabe de seu paradeiro e nem de seu desespero.

De quem é culpa?
O que esperar?

De uma cidade, onde a polícia bate em trabalhador
que luta pelos seus direitos,
mas deixa impune um espancador de mulheres
só podemos esperar barbárie e dor.

Esta é a cidade de são paulo,
que nesta manhã acordou com a mesma fedentina
do dia anterior.
A fedentina da ganância dos ricos, àvidos por lucro
Dos conservadores de plantão
que são negligentes com a juventude,
que não respeitam os negros,
que excluem os nordestinos,
que exploram as mulheres,
que escravizam os bolivianos,
que espancam os gays.

Ainda bem que sabemos que precisamos
levantar nossas vozes
para que um novo dia se faça presente
para que nos reconheçamos como seres humanos
e façamos o que quisermos, para o bem da humanidade.

Isto só será possível em um outro modo de sociabilidade

Porque, como disse Cazuza... "a burguesia fede"!

sábado, 19 de março de 2011

Comunicado do PSTU à imprensa sobre a repressão no ato do Rio

Venho por meio deste post, reproduzir o comunicado feito pelo PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados) sobre a repressão policial  perpetrada nos atos contra a visita de Obama, no Rio de Janeiro.
Não sou deste partido, mas gostaria de compartilhar com todos este comunicado, que conta um pouco do que aconteceu no Rio, nesta sexta-feira, nas manifestações contra a visita de Obama.
Dizemos "Obama, go home!" porque ele continua praticando a mesma política imperialista imposta por Bush, nos mandatos que o antecederam: Não tirou as tropas do exército americano do Afeganistão e do Iraque; não desativou a prisão política de Guantánamo, como promoteu; busca avançar militarmente e diplomaticamente sobre os países árabes... neste momento, na Líbia, com o aval da ONU; em nenhum momento citou a retirada de suas tropas do Haiti, que compõem, junto com as tropas brasileiras, a Minustah, que permanece cometendo atrocidades contra a população haitiana; veio ao Brasil para tomar nosso petróleo. Enfim, levantamos nossas vozes contra o imperialismo yanque e contra a repressão policial, a serviço de um Estado Antidemocrático de não-Direito neoliberalllll.

Segue o comunicado e, logo abaixo, o vídeo da manifestação!

Diante do protesto desta sexta-feira, contra a visita de Obama e a violenta repressão policial, o PSTU vem a público declarar que:
1 – O ato pacífico foi organizado pela CSP-Conlutas, pela Assembleia Nacional dos Estudantes-Livre - ANEL e por diversos sindicatos.
2 – O protesto faz parte de uma jornada nacional, que inclui atos em outras cidades e tem como objetivo denunciar a visita de Obama, a entrega do petróleo, os acordos de livre comércio com o governo brasileiro. Também pretende apoiar a revolução árabe e denunciar os ataques do imperialismo aos povos do mundo, como no Iraque, e que agora se repete na Líbia.
3- O PSTU apoiou o protesto e participou ativamente de sua organização. Durante a semana, o partido tem realizado várias ações contra a visita de Obama, com milhares de cartazes e até faixas em um avião que circula pelos céus do Rio de Janeiro.
4 – Desde as 16h, horário marcado para a concentração, os policiais demonstravam que não tolerariam o protesto. Chegaram a impedir a entrada de um carro de som na Candelária e não queriam deixar que a caminhada seguisse pela Av. Rio Branco.
5 – Apenas depois de uma longa negociação, de quase duas horas, a passeata pôde deixar a Candelária. No momento, já somavam 400 pessoas, inclusive muitas crianças. A passeata foi aplaudida ao longo da Av. Rio Branco, demonstrando que o apoio à visita não é unâmime.
6 – O acordo com o comando policial previa que a passeata seguiria até o Consulado dos EUA, onde seria feito apenas um ato simbólico, seguindo até a Cinelândia. O objetivo era ocupar a praça, símbolo de resistência à ditadura militar, e que Obama tentou usar agora como palco para seu discurso.
7 – Em frente ao Consulado, o ato iniciou com discursos, palavras de ordem. Simbolicamente, sapatos foram atirados contra uma bandeira dos Estados Unidos, repetindo um gesto comum nas revoltas árabes.
8 – No momento em que estavam reunidos em um grande círculo, os manifestantes e os jornalistas escutaram uma explosão ao fundo e foram surpreendidos com o avanço da polícia, que atacou com cassetetes, atirou com balas de borracha e lançou bombas de gás e depois perseguiu os manifestantes pelas ruas vizinhas. As cenas desse momento foram gravadas por manifestantes e estão em nosso site.
9 – Dezenas de pessoas ficaram feridas e entre 12 e 15 manifestantes foram presos. Entre eles, um estudante, menor de idade. Até as 22h, ninguém havia sido solto.
10 – A polícia declarou que coqueteis molotov foram jogados contra os policiais, atingindo um segurança do Consulado. Sobre isso, declaramos que nem o PSTU e tampouco qualquer uma das entidades que organizaram o ato concordam ou apoiam atitudes como essa no ato, convocado como uma manifestação totalmente pacífica.
11 – Este espírito pacífico era compartilhado pelos manifestantes. Entendemos que transformar a passeata em uma batalha apenas favoreceria o imperialismo, evitando que se discuta as verdadeiras intenções da visita. Neste sentido, desconhecemos os autores do ataque e queremos vir a público declarar nossa desconfiança de que provocadores tenham se infiltrado no ato, com esse objetivo.
12 – Os artefatos lançados não justificam a reação completamente desproporcional da polícia do governador Sérgio Cabral, que agiu atacando e prendendo a esmo. A selvageria se seguiu por várias horas, com policiais perseguindo manifestantes pelas ruas próximas a Cinelândia, revistando e prendendo sem provas.
13 – A ação policial derruba por terra qualquer respeito à liberdade e os direitos humanos e indica uma criminalização dos protestos, ao melhor estilo dos Estados Unidos. Um exemplo foi dado na delegacia, quando policiais exibiram suas “apreensões”: uma garrafa de cerveja que teria sido usada como parte de um coquetel molotov e um soco inglês. Para que a imprensa fotografasse, foi colocada uma bandeira e um cartaz do PSTU, atribuindo responsabilidade sobre os ataques. Desde quando uma bandeira, um símbolo de um partido político pode ser apresentado como algo criminoso?
14 – Exigimos uma investigação e uma resposta do governador Sergio Cabral e de seus secretários de Segurança e de Direitos Humanos sobre os fatos desta sexta-feira. Imediatamente, exigimos a libertação de todos os presos, principalmente o menor de idade, que, pela lei, não poderia estar em uma delegacia policial.
15 – Por último, o PSTU afirma que não deixará de protestar contra os Estados Unidos por conta dos ataques da polícia de Sergio Cabral. Continuaremos nas ruas, e nosso próximo ato será no domingo, às 10h, no Largo do Machado. Convocamos todos a participarem deste ato, e transformar esse dia em um grande repúdio à violência de hoje e a criminalização dos que lutam.
Rio de Janeiro, 18 de março de 2011
PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO
www.pstu.org.br

sábado, 12 de março de 2011

Ato do dia 12 de Março de 2011, pelo Dia de Luta Internacional da Mulher: minha visão/opinião

Olá, sujeitos concretos!
Hoje, na parte da manhã, estive presente ao ato feministas que era para ter sido realizado tradicionalmente no Dia 08. Por ocasião do carnaval, o movimento feminista de São Paulo, achou por bem fazer tal ato neste sábado.
Pra começar, uma coisa posso dizer: nem a chuva desmobilizadora nos parou. Antes, pelo contrário, muitas pessoas (homens e mulheres) estiveram presentes à manifestação, que tinha o intuíto de denunciar as condições em que as mulheres vivem, ainda no século XXI e, de reivindicar a concretização de nossos direitos civis, políticos e sociais elementares, dentre eles: isonomia salarial, legalização do aborto gratuíto e seguro, fim da violência contra as mulheres por meio de ações mais rígidas e propositivas do poder público, mais creches para os nossos filhos, dentre outros.
Quando cheguei ao ato, circundei toda a praça que dá de frente para a Igreja da Praça Rousevelt, a famosa Igreja da Consolação. Percebi que as militantes da Marcha Mundial das Mulheres estavam em peso, já com seus tambores improvisados. A mulherada dos PT também estava em peso, assim como as da CUT.
Note-se que este é um capítulo a parte: nem a Marcha e muito menos as feministas do PT e da CUT estavam afim de fazer um enfrentamento direto ao governo Dilma. Governo este que concede um aumento salarial vergonhoso para o povo trabalhador, enquanto os parlamentares receberão 62% a mais neste ano do que receberam no ano passado. Governo este que criminaliza as mulheres que abortam e que trata este tema de forma muito confusa e muito dogmatica, colocando a questão do aborto como um assunto religioso, quando deveria tratá-lo como questão de saúde pública.
Não há como negar que essas são questões que afetam diretamente (e negativamente) a vida das mulheres. Sem falar, que no Brasil, a cada 15 segundos uma mulher é vítima de violência e que 3,9 mulheres são assassinadas a cada 100 mil habitantes.
Tudo isso leva a crer que as companheiras da MMM, do PT e da CUT, além das militantes feministas do PC do B (já ia me esquecendo deste) até podem reivindicar a efetivação dos direitos às mulheres, mas com certeza não vão colocar os governantes na parede, dizendo que as políticas devem partir deles para a concretização dos mesmos. E assim elas fizeram: até cantaram, batucaram e tudo o mais. Mas, não houve uma crítica rigorosa ao governo e nem ao capitalismo. Tudo que vinha delas sobre capitalismo e imperialismo era uma coisa muito superficial.
Apesar delas, feministas pró-governo, estarem em grande número, haviam também militantes do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados) e da LER-QI (Liga Estratégia Revolucionária-Quarta Internacional), com seu coletivo próprio o Pão e Rosas, no qual conta também com a presença de militantes independentes. Eu, particularmente, fiquei junto ao pessoal da Anel, do coletivo Mulheres em Luta e das mulheres da CSP-Conlutas. Todas entidades citadas neste parágrafo são anti-governo e anti-capitalistas, até que se prove o contrário. Estavam presentes outras centrais sindicais e outros coletivos também.
A praça Rousevelt já estava lotada quando o primeiro trio elétrico partiu. Em seguida partiu o trio elétrico do PSOL e depois o nosso, com as mulheres da Conlutas, do Mulheres em Luta, do Pão e Rosas, dentre outros.
Fomos caminhando (e cantando e seguindo a canção....rsrsrsrs, zueira) atrás do trio elétrico e todo o tempo choveu muito.
O bloco tinha a intenção de ser unificado. Mas, agora que eu não pertenço a mais nenhum coletivo e, por enquanto, não quero participar, pude ver tudo o que aconteceu e certas coisas eu comecei a compreender.
O bloco não estava unificado. O Pão e Rosas gritava algo e o Mulheres em Luta gritava outra coisa diferente e a recíproca também é verdadeira. Tipo, sabe... quando existem coletivos realmente bons... eles preferem se diferenciar por causa de uma briga de ego do que chegar a um comum acordo e ter uma estratégia unificada. Creio que a questão da opressão de gênero seja algo muito superior do que o simples desejo de se revelar melhor e mais combativo do que outros coletivos. Isso é uma coisa que fragmenta totalmente o movimento feminista, que já está fragmentado graças a cooptação e integração de movimentos sociais ao governo petista, realizado sobretudo por causa de seu caráter populista.
Óbvio que não dá pra compactuar com as feministas brasileiras "reformadas" do século XXI. Mas com certeza, em um dado momento LER e PSTU vão ter que entrar num consenso sobre suas diferenças e fazer um bloco realmente unificado.
O que aconteceu hoje foi o que sempre vemos na FSA e nos encontros da Anel. Pra quem não conhece essas instâncias devo dizer que LER e PSTU se envolvem toda "santa" vez, com o perdão da palavra aos comunistas ateus que lerão esse post, em brigas de foice por causa de briga de ego... na maioria das vezes essas manifestações de sectarismo vem pelo lado da LER, que não entram em um consenso com o pessoal do PSTU.
Por outro lado, não vejo pelo lado do PSTU algum esforço para unificar as estratégias, pelo menos não o vi neste atooooo!!!!
De qualquer forma, essas rinhas cansammmmmmmm! Me cansou também! Cheguei ao fim da minha paciência com isso!
Porém, ainda resta um caminho: do consenso e da reconciliação. Enquanto o feminismo, verdadeiramente socialista, anti-imperialista e anti-governo, continuar do jeito que está as mulheres trabalhadoras só irão perder!
Por fim, concluo que apesar do bloco não ter sido unificado como se pretendia, ao menos posso dizer que nosso bloco foi o mais combativo e o mais subversivo de todos! Gritamos pelas mulheres trabalhadoras, em homenagem às mulheres árabes, contra Makadaf e o imperialismo norte americano.
Essa mulherada socialista é porreta! Imagina quando se unificar realmente.....
Boa semana a todos

terça-feira, 8 de março de 2011

Dia 08 de março: o que comemorar?????

"Há todo um velho mundo ainda por destruir e todo um novo mundo a construir. Mas nós conseguiremos, jovens amig@s, não é verdade?"

Rosa Luxemburgo



As mulheres egípcias fizeram sua revolução e continuarão fazendo contra a opressão.


Olá, a tod@s.
Há algum tempo não escrevo, mas não podia deixar passar o 08 de Março "em branco".
Muito se discute sobre a origem do Dia Internacional da Mulher. Verdade é que o fato que marcou esta data para todo o sempre foi o fátidico dia em que centenas de mulheres morreram queimadas em uma fábrica textil de Nova York, no ano de 1857, após uma longa jornada de lutas por melhores condições de trabalho, aumento salarial e diminuição da carga horária de trabalho.
O dia internacional da mulher é um patrimônio das socialistas, uma vez que a grande Clara Zetkin proclamou esta data como um dia que homenageasse a todas as mulheres TRABALHADORAS.
Mas após 100 anos do estabelecimento desta data, o que mudou na condição de ser mulher? O que mudou na condição de ser mulher TRABALHADORA?
Pouca coisa evoluíu: a nossa sexualidade não evoluíu um centímetro. Ainda somos consideradas putas quando lidamos com a nossa sexualidade de forma livre. Se optamos por sermos quem realmente somos, lésbicas, somos taxadas de doentes e endemoniadas.
Se optamos por ter vários filhos, somos consideradas como "mulheres que não sabem fechar as pernas". Se somos mulheres que optamos pela interrupção de uma gestação, adquirindo diversos problemas no orgão reprodutor ou até morrendo após um procedimento de risco, por não termos dinheiro para fazermos um aborto seguro, somos consideradas irresponsáveis e criminosas.
Se escolhemos casar, mas não ter filhos, somos taxadas de mal amadas e logo alguém irá nos repreender: "um casal precisa de um filho pra ter graça" ou "uma mulher sem um filho não é nada, porque ela já nasce com instinto materno" (mentiraaaaaa!!!!).
Fato é que passamos por tudo isto, é verdade. E o primeiro passo para mudarmos a situação é reconhecermos que tudo anda péssimo para as mulheres.
Sim, as mulheres não podem!!!!! Nem toda mulher pode ser eleita presidente da República e nem toda mulher pode ser elevada a um cargo de chefia nas empresas. Algumas mulheres até podem trabalhar no ramo da construção civil ou da engenharia mecânica, porém sempre pairará sobre elas o espectro do machismo.
Sim... as mulheres que estão no poder, podem e vão nos oprimir!!!
O que esperar de uma presidente mulher que nos oferece um aumento salarial irrisório. Pobre de nós, mulheres TRABALHADORAS. Continuamos, depois de quase duzentos anos de esta frase ser proferida pela grande Flora Tristán, sendo as proletárias dos proletários. Trabalhamos fora, trabalhamos em casa, cuidamos de tudo e nos preocupamos com todos, para, ao final do dia, estarmos preparadas para irmos pra cama, mas não para dormir... que fique bem entendido.
A ideologia machista amparada pelo patriarcado e pelo famigerado sistema capitalista persistem em nos atacar.
Mas, tenho consciência de que nem tudo está perdido.
Basta olhamos para trás e descobrirmos que a luta daquelas mulheres, da fogueira aos dias atuais, não aconteceu em vão. Hoje sabemos o que deu certo e o que deu errado e precisamos persistir na luta contra a opressão de gênero.
Mas, mais do que isso, tenho certeza de que a feminista não é apenas aquela que luta por si, pelas mulheres, mas é aquela que luta contra a opressão diária sofrida pelas minorias. Em síntese, há de se lutar contra o capitalismo, contra o patriarcado e todas as formas de opressão e exploração para que alcancemos a emancipação humana, que se dá apenas com nossa práxis revolucionária.
Ser militante de alguma coisa apenas no discurso é fácil. O difícil é termos uma prática equivalente ao nossa discurso.
Para arrematar, deixo uma mensagem de esperança para todas as mulheres, que são realmente TRABALHADORAS e que sofrem com a exploração e opressão em que vivemos: Sim, nós podemos!!! Nós podemos lutar... e ter a certeza de que a nossa emancipação não virá pelo método institucional de se fazer política. Devemos nos colocar de forma autonoma da burguesia e do governo (viu, MMM!) para ARRANCARMOS o que nos é de direito. Sigamos o exemplo destas mulheres egípcias!!!!







domingo, 6 de março de 2011

POR UM 8 DE MARÇO ANTIGOVERNISTA: Carta às companheiras da CSP-Conlutas, da Anel e à direção majoritária do Movimento Mulheres em Luta

Hoje, todas nós nos inspiramos no fervor das mulheres egípcias, tunisianas, líbias, que saem às ruas, junto à juventude pobre e aos trabalhadores, para dar um basta aos desmandos das ditaduras desses países e para lutar contra o desemprego, por melhores condições de trabalho e melhores condições de vida. O processo revolucionário no Egito e agora a insurgência dos trabalhadores e do povo da Líbia permitem às revolucionárias e às organizações de mulheres, sindicais e estudantis trazer com força a ideia de revolução. É com esta perspectiva que vemos a importância de abrir uma discussão com as companheiras sobre como podemos unificar as lutas dos setores antigovernistas e anti-imperialistas neste 8 de março.

Nesse ano, o fato da Presidência estar nas mãos de uma mulher instiga ilusões em diversos setores de mulheres a partir da ideia de que se abrem as portas para conquistas de igualdade entre homens e mulheres por dentro da sociedade capitalista, esta que se sustenta, além da exploração, na opressão de mulheres, negros, homossexuais, etc. Sabemos que isso não é possível. Porém, as direções do movimento de mulheres atreladas ao governo Dilma, como a Marcha Mundial de Mulheres, cumprem o papel de aprofundar essas ilusões, impedindo a organização independente das mulheres trabalhadoras e jovens e fazendo-as esperarem por respostas de Dilma às suas demandas. E é exatamente essa estratégia que estão implementando no 8 de março desse ano, ao se negarem a levantar com força a bandeira do nosso direito ao aborto, direito esse atacado diretamente pela presidenta que querem preservar, e ao não denunciar em nenhum momento a política do governo de explorar ainda mais as mulheres, com por exemplo os cortes públicos de R$ 50 bilhões já anunciados por Dilma, que atingirão mais profundamente as mulheres. Algumas delas inclusive vão diretamente exaltar e comemorar o fato de uma mulher ter chegado à presidência, como no bloco de carnaval que estão organizando, no qual desfilarão com faixas de presidenta. Porém, sabemos que esta política também é compartilhada e implementada pelas companheiras do PSOL, que tem uma política mais complacente com Dilma no seio das que nos reivindicamos antigovernistas. Vemos essa como uma estratégia que vai no sentido oposto ao exemplo das mulheres, do povo e dos trabalhadores árabes que começam a mostrar que a luta mais profunda por direitos, e dentre estes os das mulheres, se dá conjuntamente com o combate aos governos que nos oprimem. Ao contrário do que diz Dilma e os grupos de mulheres governistas, o momento histórico das mulheres será obra das próprias mulheres em uma luta independente dos Estados burgueses. Isso não se dará pela via da ascensão de uma ou meia dúzia de mulheres a cargos de poder nesse sistema capitalista. Isso será parte da luta de classes, como estão mostrando as mulheres árabes, no Egito, Tunísia e Líbia, fazendo reviver uma nova primavera dos povos!

Nesse ato unificado do 8 de março, a depender da Marcha Mundial de Mulheres, o que não aparecerá é que esse governo é sustentado também às custas de empregos precarizados, majoritariamente preenchidos por mulheres negras; que é este governo que se elegeu tendo que criminalizar as mulheres por fazerem aborto; que é o governo que mantém o seu exército liderando a invasão militar no Haiti, política forjada pelo imperialismo estadunidense, que estupra as mulheres, massacra o povo negro, e assassina todas e todos aqueles que se levantam contra a miséria que vivem, principalmente depois do terremoto de janeiro de 2010; que é o mesmo que não rompeu relações com o governo de Mubarak, contrapondo-se, assim, às justas demandas das mulheres, do povo e dos trabalhadores egípcios. Assim, defendemos que os setores antigovernistas devem ter uma política independente, com um bloco totalmente delimitado no ato e travando uma luta política para disputar o espaço com as direções governistas. Acreditamos que as mulheres da CSP-Conlutas e da Anel nesse momento devem desmascarar profundamente esse governo, apontando outro caminho para as jovens e trabalhadoras: o da organização independente aliada à classe trabalhadora para lutarmos pelo direito e pela legalização do aborto, contra a precarização do trabalho, pela retirada das tropas brasileiras e imperialistas do Haiti, e levantando a mais ampla solidariedade ao povo árabe pela queda de Kadafi e contra qualquer tipo de intervenção imperialista na região.

No último período, uma campanha gigantesca, liderada pela Igreja Católica, Evangélica, deputados e senadores – para a qual Dilma deu seu aval na sua campanha presidencial – foi impulsionada contra um direito elementar nosso: o direito ao aborto. Com esse tipo de campanha, os espaços que se abrem são para esses setores conservadores e assassinos só avançarem ainda mais sobre nós, dando mais “legitimidade” perante a população para a criminalização das mulheres que fazem abortos, assim como para a morte de muitas destas, em sua maioria mulheres pobres, negras e trabalhadoras (além de preservar os lucros homéricos das clínicas que fazem abortos clandestinos, com os quais se beneficiam, por baixo dos panos, esses mesmos setores antilegalização).

Nós, mulheres, temos o papel de reverter esse quadro, denunciando a hipocrisia do Estado brasileiro e seu governo atual que falam “em nome da vida”, mas que pisa no sangue de milhares de mulheres que são criminalizadas ou morrem por abortos clandestinos, que não disponibiliza condições dignas de vida às mulheres que decidem ter seus filhos e a seus filhos, com creches, escolas, moradia, alimentação, e que assassina todos os dias a juventude nas periferias, principalmente os jovens e negros – ou seja, as que mais sofrem com a falta desse direito são as trabalhadoras, justamente aquelas que, por conta do veneno ideológico que lhes é injetado, são contra o aborto; e por isso mesmo é que nós temos que mostrar a elas a crueldade do Estado e da Igreja, que além de não garantirem nem o direito ao aborto e nem o direito pleno à maternidade, ainda incutem em nossas mentes a culpa (pecado) por fazê-lo. Nós temos o direito de decidir sobre nossos corpos e nossas vidas, e não ficarmos submetidas à predestinação da maternidade simplesmente porque o Estado e a Igreja querem. Exigimos que a educação seja laica e que inclua a educação sexual nas escolas para decidir, anticoncepcionais gratuitos para não engravidar, e o aborto livre, legal, seguro e gratuito para não morrer, assim como o fim do acordo Brasil-Vaticano. E lançar com toda a força essa campanha hoje, iniciando-a no 8 de março e depois dando continuidade a essa luta, além de ser dela que dependem milhares de vidas de mulheres, é a forma mais concreta para desmascarar esse que é o primeiro governo de uma mulher no Brasil.

Sabemos que essa é uma bandeira fundamental para todo o movimento de mulheres, e por isso propusemos nas reuniões unificadas de organização do 8 de março que fizéssemos desta um dos eixos centrais para a unidade da luta por nossos direitos. A unidade de todos os setores feministas seria um primeiro passo para uma ampla campanha massiva pelo direito ao aborto. Porém, mais uma vez as organizações como a MMM preferiram abrir mão da luta pelo direito ao aborto para manter seus acordos com o governo, a partir da estratégia de um embate puramente parlamentar, e nesse sentido contrapondo-se a uma luta com independência de classe frente ao governo Dilma. Nesse marco, essa unidade não serve para arrancarmos nossos direitos.

No atual cenário de crise econômica, que hoje se abate principalmente sob os países da Europa e do norte da África, se coloca como necessidade para os governos, dentre eles o brasileiro, como forma de prevenção, a redução de custos e ataques aos direitos da classe trabalhadora. A aprovação do salário mínimo no valor miserável de R$ 545 vai nesse sentido, assim como o resgate bilionário de Lula aos banqueiros e grandes empresas em 2009, em detrimento de melhorias reais das condições de saúde, educação e moradia, dando de ombros para a tragédia das enchentes que vemos todos os anos acontecerem; assim como militariza as favelas, com as UPPs, e assassina a juventude pobre e negra para impor uma “paz social” capaz de receber endinheirados turistas para assistirem à Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016, o que traz rios de dinheiro a empresários brasileiros e ao próprio governo, e violência e desocupação de moradias aos pobres e trabalhadores; e assim também Dilma já anunciou um corte de gastos públicos de R$ 50 bilhões. E as mulheres sofrem duplamente com essa situação.

Também consideramos, por esses motivos, bastante importante levantar essas questões como uma das lutas que as mulheres trabalhadoras terão de travar, mas, ao invés de colocar isoladamente a questão do salário mínimo, mostrar como salário mínimo aprovado faz parte de um plano de precarização de todos os âmbitos da vida de trabalhadoras e trabalhadores, da juventude e dos negros. E com isso levantar como reposta a luta pelo salário mínimo do Dieese, que é o que corresponde de fato às necessidades das famílias, boa parte delas sustentadas pelas mulheres.

No entanto, se faz necessário, em primeiro lugar, desmascarar Dilma para que as trabalhadoras não tenham nenhuma ilusão nas promessas do governo de uma mulher, e saiam a lutar com independência de classe. Dizer que sua política não será a de honrar as mulheres e nem de erradicar a miséria, como ela alardeia, e que sua prática já desmente. Dizer que esse é o governo das mortes e criminalização de mulheres por abortos clandestinos, e da precarização da vida das mulheres que não fazem parte da classe dominante e que não estão em cargos de poder.

Frente aos levantes no mundo árabe, o processo revolucionário aberto no Egito e a rebelião popular na Líbia, os imperialistas norte-americanos e da União Europeia tentam se relocalizar. Após estabelecerem bons negócios com o regime líbio durante anos, agora os imperialistas querem criar condições para intervir direta ou indiretamente em defesa de seus interesses econômicos, e por isso tentam se descolar das figuras dos ditadores questionados. Aos que ocupam o Haiti, o Iraque e o Afeganistão cometendo todo tipo de massacres contra povos oprimidos, e que sustentam o Estado de Israel contra o povo palestino, não lhes interessam as reivindicações do povo árabe. Os imperialistas buscam se reacomodar depois da queda de Mubarak e com as fraturas do regime líbio. Temos que ser nós, as mulheres anti-imperialistas, as que nos colocamos ao lado das mulheres, do povo e dos trabalhadores da norte da África e do Oriente Médio que estão protagonizando levantamentos nestes países, e que não devem se deixar seduzir pela fraseologia imperialista, que busca substituir um despotismo por outro, como acontece hoje no Egito com o governo ditatorial da Junta Militar. Da mesma forma, devemos combater qualquer tipo de demagogia do governo Dilma que não rompeu relações com Mubarak, mostrando seu atrelamento com o imperialismo norte-americano, contrário às demandas do povo e dos trabalhadores que derrubaram o ditador, e que agora condena as violações cometidas por Kadafi sem denunciar a intervenção imperialista que se prepara para tentar subjugar ainda mais um povo. Apenas o exercício do poder por parte dos trabalhadores e camponeses pode garantir pão e liberdade aos que se levantam contra Kadafi!
Por esses motivos, fazemos um chamado para construirmos juntas um bloco antigovernista e anti-imperialista que combata veementemente a estratégia de conciliação de classes das direções governistas e que faça uma denúncia contundente do governo Dilma, e que junto à sublevação das mulheres e dos povos árabes possamos mostrar que a luta das mulheres por seus direitos, aliadas à classe trabalhadora, é parte fundamental da luta de classes. Que por esta via nos colocamos pelo direito ao aborto e sua legalização, por educação sexual nas escolas e preservativos, e pelo fim do acordo Brasil-Vaticano. Que permita colocar nossa solidariedade à luta do povo árabe contra os regimes ditatoriais, assim como contra qualquer tipo de intervenção imperialista, denunciando o governo Dilma que não rompeu relação com Mubarak no Egito e que agora continua calada frente a mais uma tentativa de subordinação de povos oprimidos pelo imperialismo norte-americano e europeu. Fazemos esse chamado para que exista uma clara posição antigovernista e anti-imperialista no ato unificado para disputar a consciência das mulheres trabalhadoras e jovens que estarão no ato porque querem arrancar nossos direitos, e com nossas forças discutirmos também com as companheiras do PSOL para que rompam seus acordos com as governistas e que marchem junto a nós.



Saudações,

Grupo de Mulheres Pão e Rosas

sexta-feira, 4 de março de 2011

ATO EM SP: No Dia Internacional de Lutas das Mulheres, JUNTE-SE AO BLOCO DO GRUPO DE MULHERES PÃO E ROSAS!

*Por educação sexual nas escolaS para decidir, contraceptivos gratuitos para não abortar, pela legalização do aborto livre, legal, seguro e gratuito para não morrer!
Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos!
Abaixo a campanha assassina antilegalização do aborto da Igreja, que tem o aval de Dilma!

*Abaixo a intervenção imperialista no norte da África, no Oriente Médio e no Haiti!
Viva a primavera árabe! Sigamos o exemplo das egípcias, tunisianas e líbias!
Fora tropas brasileiras do Haiti!
*Abaixo a precarização do trabalho e de nossas vidas!
Moradia, educação, saúde dignas!
 Pelo salário mínimo do Dieese!
Fora a PM das favelas!

Sábado 12 de março às 9h

Concentração na Pça. Roosevelt, em frente à Igreja da Consolação

Após o ato: confraternização com banda para continuarmos as discussões!
Local: Casa Socialista Karl Marx, Pça. Américo Jacomino, 49 - em frente ao metrô Vila Madalena

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Luta contra o aumento da passagem, agora no ABC

A ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes-Livre) convoca ato contra o aumento da passagem para o dia 02/03, às 17h, em frente à Prefeitura de Santo André.

A tarifa de ônibus aumentou em várias cidades do país. No ABC Paulista, as prefeituras aliadas às grandes empresas de transporte urbano, aproveitaram o recesso escolar para aumentar, praticamente na surdina, a tarifa do transporte público. O trem e o trolebus tiveram um reajuste de R$ 2,65 para  R$ 2,90. Em São Bernardo do Campo o ajuste foi de 16% e em São Caetano, de 20%. Diadema e Santo André também aumentaram o valor da tarifa em 12% e 9,4%, respectivamente.
Já é mais do que comprovado: aumento na passagem é lucro do burguês. A passagem aumenta, mas não há melhoria na qualidade do transporte público e tampouco melhorias na remuneração ou qualidade de vida dos trabalhadores da área como motoristas, cobradores, fiscais, dentre outros. O salário mínimo ganha um aumento irrisório enquanto o valor do transporte público é reajustado, em algumas cidades, acima da inflação.
É por estes motivos que a ANEL convoca os trabalhadores, estudantes e população em geral para participarem do ato para barrar o aumento da passagem, que acontecerá no dia 02 de Março, às 17h, em frente à Prefeitura Municipal de Santo André.

Luta que se estende à reivindicação pelo Passe Livre

A ANEL, juntamente com outros movimentos sociais, compreende que o transporte público totalmente estatal e gratuíto aos usuários é condição para que outras políticas públicas e serviços sociais sejam verdadeiramente acessíveis à população.
É desnecessário dizer que enquanto a passagem de ônibus custar R$ 3,00, como em São Paulo, a educação, a saúde, o lazer e a cultura não se constituírão serviços acessíveis a todos. Com isto, percebemos que o aumento na passagem se constitui mais um fator de exclusão para a população pobre, que mora em bairros distantes dos grandes centros, em núcleos habitacionais que não contam com saneamento básico e serviços sócio-assistênciais de qualidade.
O Movimento Passe Livre defende que o transporte público seja pago com o dinheiro de impostos progressivos, ou seja: o usuário não deve ser cobrado, devendo ocorrer uma taxação progressiva sobre propriedades e grandes riquezas. Quem deve pagar pelo transporte público, portanto, é o burguês e não o trabalhador.
Nós como assistentes sociais, devemos abraçar esta luta também.

TODOS AO ATO DO DIA 02 DE MARÇO, ÀS 17H, EM FRENTE À PREFEITURA DE SANTO ANDRÉ.