sábado, 19 de março de 2011

Comunicado do PSTU à imprensa sobre a repressão no ato do Rio

Venho por meio deste post, reproduzir o comunicado feito pelo PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados) sobre a repressão policial  perpetrada nos atos contra a visita de Obama, no Rio de Janeiro.
Não sou deste partido, mas gostaria de compartilhar com todos este comunicado, que conta um pouco do que aconteceu no Rio, nesta sexta-feira, nas manifestações contra a visita de Obama.
Dizemos "Obama, go home!" porque ele continua praticando a mesma política imperialista imposta por Bush, nos mandatos que o antecederam: Não tirou as tropas do exército americano do Afeganistão e do Iraque; não desativou a prisão política de Guantánamo, como promoteu; busca avançar militarmente e diplomaticamente sobre os países árabes... neste momento, na Líbia, com o aval da ONU; em nenhum momento citou a retirada de suas tropas do Haiti, que compõem, junto com as tropas brasileiras, a Minustah, que permanece cometendo atrocidades contra a população haitiana; veio ao Brasil para tomar nosso petróleo. Enfim, levantamos nossas vozes contra o imperialismo yanque e contra a repressão policial, a serviço de um Estado Antidemocrático de não-Direito neoliberalllll.

Segue o comunicado e, logo abaixo, o vídeo da manifestação!

Diante do protesto desta sexta-feira, contra a visita de Obama e a violenta repressão policial, o PSTU vem a público declarar que:
1 – O ato pacífico foi organizado pela CSP-Conlutas, pela Assembleia Nacional dos Estudantes-Livre - ANEL e por diversos sindicatos.
2 – O protesto faz parte de uma jornada nacional, que inclui atos em outras cidades e tem como objetivo denunciar a visita de Obama, a entrega do petróleo, os acordos de livre comércio com o governo brasileiro. Também pretende apoiar a revolução árabe e denunciar os ataques do imperialismo aos povos do mundo, como no Iraque, e que agora se repete na Líbia.
3- O PSTU apoiou o protesto e participou ativamente de sua organização. Durante a semana, o partido tem realizado várias ações contra a visita de Obama, com milhares de cartazes e até faixas em um avião que circula pelos céus do Rio de Janeiro.
4 – Desde as 16h, horário marcado para a concentração, os policiais demonstravam que não tolerariam o protesto. Chegaram a impedir a entrada de um carro de som na Candelária e não queriam deixar que a caminhada seguisse pela Av. Rio Branco.
5 – Apenas depois de uma longa negociação, de quase duas horas, a passeata pôde deixar a Candelária. No momento, já somavam 400 pessoas, inclusive muitas crianças. A passeata foi aplaudida ao longo da Av. Rio Branco, demonstrando que o apoio à visita não é unâmime.
6 – O acordo com o comando policial previa que a passeata seguiria até o Consulado dos EUA, onde seria feito apenas um ato simbólico, seguindo até a Cinelândia. O objetivo era ocupar a praça, símbolo de resistência à ditadura militar, e que Obama tentou usar agora como palco para seu discurso.
7 – Em frente ao Consulado, o ato iniciou com discursos, palavras de ordem. Simbolicamente, sapatos foram atirados contra uma bandeira dos Estados Unidos, repetindo um gesto comum nas revoltas árabes.
8 – No momento em que estavam reunidos em um grande círculo, os manifestantes e os jornalistas escutaram uma explosão ao fundo e foram surpreendidos com o avanço da polícia, que atacou com cassetetes, atirou com balas de borracha e lançou bombas de gás e depois perseguiu os manifestantes pelas ruas vizinhas. As cenas desse momento foram gravadas por manifestantes e estão em nosso site.
9 – Dezenas de pessoas ficaram feridas e entre 12 e 15 manifestantes foram presos. Entre eles, um estudante, menor de idade. Até as 22h, ninguém havia sido solto.
10 – A polícia declarou que coqueteis molotov foram jogados contra os policiais, atingindo um segurança do Consulado. Sobre isso, declaramos que nem o PSTU e tampouco qualquer uma das entidades que organizaram o ato concordam ou apoiam atitudes como essa no ato, convocado como uma manifestação totalmente pacífica.
11 – Este espírito pacífico era compartilhado pelos manifestantes. Entendemos que transformar a passeata em uma batalha apenas favoreceria o imperialismo, evitando que se discuta as verdadeiras intenções da visita. Neste sentido, desconhecemos os autores do ataque e queremos vir a público declarar nossa desconfiança de que provocadores tenham se infiltrado no ato, com esse objetivo.
12 – Os artefatos lançados não justificam a reação completamente desproporcional da polícia do governador Sérgio Cabral, que agiu atacando e prendendo a esmo. A selvageria se seguiu por várias horas, com policiais perseguindo manifestantes pelas ruas próximas a Cinelândia, revistando e prendendo sem provas.
13 – A ação policial derruba por terra qualquer respeito à liberdade e os direitos humanos e indica uma criminalização dos protestos, ao melhor estilo dos Estados Unidos. Um exemplo foi dado na delegacia, quando policiais exibiram suas “apreensões”: uma garrafa de cerveja que teria sido usada como parte de um coquetel molotov e um soco inglês. Para que a imprensa fotografasse, foi colocada uma bandeira e um cartaz do PSTU, atribuindo responsabilidade sobre os ataques. Desde quando uma bandeira, um símbolo de um partido político pode ser apresentado como algo criminoso?
14 – Exigimos uma investigação e uma resposta do governador Sergio Cabral e de seus secretários de Segurança e de Direitos Humanos sobre os fatos desta sexta-feira. Imediatamente, exigimos a libertação de todos os presos, principalmente o menor de idade, que, pela lei, não poderia estar em uma delegacia policial.
15 – Por último, o PSTU afirma que não deixará de protestar contra os Estados Unidos por conta dos ataques da polícia de Sergio Cabral. Continuaremos nas ruas, e nosso próximo ato será no domingo, às 10h, no Largo do Machado. Convocamos todos a participarem deste ato, e transformar esse dia em um grande repúdio à violência de hoje e a criminalização dos que lutam.
Rio de Janeiro, 18 de março de 2011
PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO
www.pstu.org.br

sábado, 12 de março de 2011

Ato do dia 12 de Março de 2011, pelo Dia de Luta Internacional da Mulher: minha visão/opinião

Olá, sujeitos concretos!
Hoje, na parte da manhã, estive presente ao ato feministas que era para ter sido realizado tradicionalmente no Dia 08. Por ocasião do carnaval, o movimento feminista de São Paulo, achou por bem fazer tal ato neste sábado.
Pra começar, uma coisa posso dizer: nem a chuva desmobilizadora nos parou. Antes, pelo contrário, muitas pessoas (homens e mulheres) estiveram presentes à manifestação, que tinha o intuíto de denunciar as condições em que as mulheres vivem, ainda no século XXI e, de reivindicar a concretização de nossos direitos civis, políticos e sociais elementares, dentre eles: isonomia salarial, legalização do aborto gratuíto e seguro, fim da violência contra as mulheres por meio de ações mais rígidas e propositivas do poder público, mais creches para os nossos filhos, dentre outros.
Quando cheguei ao ato, circundei toda a praça que dá de frente para a Igreja da Praça Rousevelt, a famosa Igreja da Consolação. Percebi que as militantes da Marcha Mundial das Mulheres estavam em peso, já com seus tambores improvisados. A mulherada dos PT também estava em peso, assim como as da CUT.
Note-se que este é um capítulo a parte: nem a Marcha e muito menos as feministas do PT e da CUT estavam afim de fazer um enfrentamento direto ao governo Dilma. Governo este que concede um aumento salarial vergonhoso para o povo trabalhador, enquanto os parlamentares receberão 62% a mais neste ano do que receberam no ano passado. Governo este que criminaliza as mulheres que abortam e que trata este tema de forma muito confusa e muito dogmatica, colocando a questão do aborto como um assunto religioso, quando deveria tratá-lo como questão de saúde pública.
Não há como negar que essas são questões que afetam diretamente (e negativamente) a vida das mulheres. Sem falar, que no Brasil, a cada 15 segundos uma mulher é vítima de violência e que 3,9 mulheres são assassinadas a cada 100 mil habitantes.
Tudo isso leva a crer que as companheiras da MMM, do PT e da CUT, além das militantes feministas do PC do B (já ia me esquecendo deste) até podem reivindicar a efetivação dos direitos às mulheres, mas com certeza não vão colocar os governantes na parede, dizendo que as políticas devem partir deles para a concretização dos mesmos. E assim elas fizeram: até cantaram, batucaram e tudo o mais. Mas, não houve uma crítica rigorosa ao governo e nem ao capitalismo. Tudo que vinha delas sobre capitalismo e imperialismo era uma coisa muito superficial.
Apesar delas, feministas pró-governo, estarem em grande número, haviam também militantes do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados) e da LER-QI (Liga Estratégia Revolucionária-Quarta Internacional), com seu coletivo próprio o Pão e Rosas, no qual conta também com a presença de militantes independentes. Eu, particularmente, fiquei junto ao pessoal da Anel, do coletivo Mulheres em Luta e das mulheres da CSP-Conlutas. Todas entidades citadas neste parágrafo são anti-governo e anti-capitalistas, até que se prove o contrário. Estavam presentes outras centrais sindicais e outros coletivos também.
A praça Rousevelt já estava lotada quando o primeiro trio elétrico partiu. Em seguida partiu o trio elétrico do PSOL e depois o nosso, com as mulheres da Conlutas, do Mulheres em Luta, do Pão e Rosas, dentre outros.
Fomos caminhando (e cantando e seguindo a canção....rsrsrsrs, zueira) atrás do trio elétrico e todo o tempo choveu muito.
O bloco tinha a intenção de ser unificado. Mas, agora que eu não pertenço a mais nenhum coletivo e, por enquanto, não quero participar, pude ver tudo o que aconteceu e certas coisas eu comecei a compreender.
O bloco não estava unificado. O Pão e Rosas gritava algo e o Mulheres em Luta gritava outra coisa diferente e a recíproca também é verdadeira. Tipo, sabe... quando existem coletivos realmente bons... eles preferem se diferenciar por causa de uma briga de ego do que chegar a um comum acordo e ter uma estratégia unificada. Creio que a questão da opressão de gênero seja algo muito superior do que o simples desejo de se revelar melhor e mais combativo do que outros coletivos. Isso é uma coisa que fragmenta totalmente o movimento feminista, que já está fragmentado graças a cooptação e integração de movimentos sociais ao governo petista, realizado sobretudo por causa de seu caráter populista.
Óbvio que não dá pra compactuar com as feministas brasileiras "reformadas" do século XXI. Mas com certeza, em um dado momento LER e PSTU vão ter que entrar num consenso sobre suas diferenças e fazer um bloco realmente unificado.
O que aconteceu hoje foi o que sempre vemos na FSA e nos encontros da Anel. Pra quem não conhece essas instâncias devo dizer que LER e PSTU se envolvem toda "santa" vez, com o perdão da palavra aos comunistas ateus que lerão esse post, em brigas de foice por causa de briga de ego... na maioria das vezes essas manifestações de sectarismo vem pelo lado da LER, que não entram em um consenso com o pessoal do PSTU.
Por outro lado, não vejo pelo lado do PSTU algum esforço para unificar as estratégias, pelo menos não o vi neste atooooo!!!!
De qualquer forma, essas rinhas cansammmmmmmm! Me cansou também! Cheguei ao fim da minha paciência com isso!
Porém, ainda resta um caminho: do consenso e da reconciliação. Enquanto o feminismo, verdadeiramente socialista, anti-imperialista e anti-governo, continuar do jeito que está as mulheres trabalhadoras só irão perder!
Por fim, concluo que apesar do bloco não ter sido unificado como se pretendia, ao menos posso dizer que nosso bloco foi o mais combativo e o mais subversivo de todos! Gritamos pelas mulheres trabalhadoras, em homenagem às mulheres árabes, contra Makadaf e o imperialismo norte americano.
Essa mulherada socialista é porreta! Imagina quando se unificar realmente.....
Boa semana a todos

terça-feira, 8 de março de 2011

Dia 08 de março: o que comemorar?????

"Há todo um velho mundo ainda por destruir e todo um novo mundo a construir. Mas nós conseguiremos, jovens amig@s, não é verdade?"

Rosa Luxemburgo



As mulheres egípcias fizeram sua revolução e continuarão fazendo contra a opressão.


Olá, a tod@s.
Há algum tempo não escrevo, mas não podia deixar passar o 08 de Março "em branco".
Muito se discute sobre a origem do Dia Internacional da Mulher. Verdade é que o fato que marcou esta data para todo o sempre foi o fátidico dia em que centenas de mulheres morreram queimadas em uma fábrica textil de Nova York, no ano de 1857, após uma longa jornada de lutas por melhores condições de trabalho, aumento salarial e diminuição da carga horária de trabalho.
O dia internacional da mulher é um patrimônio das socialistas, uma vez que a grande Clara Zetkin proclamou esta data como um dia que homenageasse a todas as mulheres TRABALHADORAS.
Mas após 100 anos do estabelecimento desta data, o que mudou na condição de ser mulher? O que mudou na condição de ser mulher TRABALHADORA?
Pouca coisa evoluíu: a nossa sexualidade não evoluíu um centímetro. Ainda somos consideradas putas quando lidamos com a nossa sexualidade de forma livre. Se optamos por sermos quem realmente somos, lésbicas, somos taxadas de doentes e endemoniadas.
Se optamos por ter vários filhos, somos consideradas como "mulheres que não sabem fechar as pernas". Se somos mulheres que optamos pela interrupção de uma gestação, adquirindo diversos problemas no orgão reprodutor ou até morrendo após um procedimento de risco, por não termos dinheiro para fazermos um aborto seguro, somos consideradas irresponsáveis e criminosas.
Se escolhemos casar, mas não ter filhos, somos taxadas de mal amadas e logo alguém irá nos repreender: "um casal precisa de um filho pra ter graça" ou "uma mulher sem um filho não é nada, porque ela já nasce com instinto materno" (mentiraaaaaa!!!!).
Fato é que passamos por tudo isto, é verdade. E o primeiro passo para mudarmos a situação é reconhecermos que tudo anda péssimo para as mulheres.
Sim, as mulheres não podem!!!!! Nem toda mulher pode ser eleita presidente da República e nem toda mulher pode ser elevada a um cargo de chefia nas empresas. Algumas mulheres até podem trabalhar no ramo da construção civil ou da engenharia mecânica, porém sempre pairará sobre elas o espectro do machismo.
Sim... as mulheres que estão no poder, podem e vão nos oprimir!!!
O que esperar de uma presidente mulher que nos oferece um aumento salarial irrisório. Pobre de nós, mulheres TRABALHADORAS. Continuamos, depois de quase duzentos anos de esta frase ser proferida pela grande Flora Tristán, sendo as proletárias dos proletários. Trabalhamos fora, trabalhamos em casa, cuidamos de tudo e nos preocupamos com todos, para, ao final do dia, estarmos preparadas para irmos pra cama, mas não para dormir... que fique bem entendido.
A ideologia machista amparada pelo patriarcado e pelo famigerado sistema capitalista persistem em nos atacar.
Mas, tenho consciência de que nem tudo está perdido.
Basta olhamos para trás e descobrirmos que a luta daquelas mulheres, da fogueira aos dias atuais, não aconteceu em vão. Hoje sabemos o que deu certo e o que deu errado e precisamos persistir na luta contra a opressão de gênero.
Mas, mais do que isso, tenho certeza de que a feminista não é apenas aquela que luta por si, pelas mulheres, mas é aquela que luta contra a opressão diária sofrida pelas minorias. Em síntese, há de se lutar contra o capitalismo, contra o patriarcado e todas as formas de opressão e exploração para que alcancemos a emancipação humana, que se dá apenas com nossa práxis revolucionária.
Ser militante de alguma coisa apenas no discurso é fácil. O difícil é termos uma prática equivalente ao nossa discurso.
Para arrematar, deixo uma mensagem de esperança para todas as mulheres, que são realmente TRABALHADORAS e que sofrem com a exploração e opressão em que vivemos: Sim, nós podemos!!! Nós podemos lutar... e ter a certeza de que a nossa emancipação não virá pelo método institucional de se fazer política. Devemos nos colocar de forma autonoma da burguesia e do governo (viu, MMM!) para ARRANCARMOS o que nos é de direito. Sigamos o exemplo destas mulheres egípcias!!!!







domingo, 6 de março de 2011

POR UM 8 DE MARÇO ANTIGOVERNISTA: Carta às companheiras da CSP-Conlutas, da Anel e à direção majoritária do Movimento Mulheres em Luta

Hoje, todas nós nos inspiramos no fervor das mulheres egípcias, tunisianas, líbias, que saem às ruas, junto à juventude pobre e aos trabalhadores, para dar um basta aos desmandos das ditaduras desses países e para lutar contra o desemprego, por melhores condições de trabalho e melhores condições de vida. O processo revolucionário no Egito e agora a insurgência dos trabalhadores e do povo da Líbia permitem às revolucionárias e às organizações de mulheres, sindicais e estudantis trazer com força a ideia de revolução. É com esta perspectiva que vemos a importância de abrir uma discussão com as companheiras sobre como podemos unificar as lutas dos setores antigovernistas e anti-imperialistas neste 8 de março.

Nesse ano, o fato da Presidência estar nas mãos de uma mulher instiga ilusões em diversos setores de mulheres a partir da ideia de que se abrem as portas para conquistas de igualdade entre homens e mulheres por dentro da sociedade capitalista, esta que se sustenta, além da exploração, na opressão de mulheres, negros, homossexuais, etc. Sabemos que isso não é possível. Porém, as direções do movimento de mulheres atreladas ao governo Dilma, como a Marcha Mundial de Mulheres, cumprem o papel de aprofundar essas ilusões, impedindo a organização independente das mulheres trabalhadoras e jovens e fazendo-as esperarem por respostas de Dilma às suas demandas. E é exatamente essa estratégia que estão implementando no 8 de março desse ano, ao se negarem a levantar com força a bandeira do nosso direito ao aborto, direito esse atacado diretamente pela presidenta que querem preservar, e ao não denunciar em nenhum momento a política do governo de explorar ainda mais as mulheres, com por exemplo os cortes públicos de R$ 50 bilhões já anunciados por Dilma, que atingirão mais profundamente as mulheres. Algumas delas inclusive vão diretamente exaltar e comemorar o fato de uma mulher ter chegado à presidência, como no bloco de carnaval que estão organizando, no qual desfilarão com faixas de presidenta. Porém, sabemos que esta política também é compartilhada e implementada pelas companheiras do PSOL, que tem uma política mais complacente com Dilma no seio das que nos reivindicamos antigovernistas. Vemos essa como uma estratégia que vai no sentido oposto ao exemplo das mulheres, do povo e dos trabalhadores árabes que começam a mostrar que a luta mais profunda por direitos, e dentre estes os das mulheres, se dá conjuntamente com o combate aos governos que nos oprimem. Ao contrário do que diz Dilma e os grupos de mulheres governistas, o momento histórico das mulheres será obra das próprias mulheres em uma luta independente dos Estados burgueses. Isso não se dará pela via da ascensão de uma ou meia dúzia de mulheres a cargos de poder nesse sistema capitalista. Isso será parte da luta de classes, como estão mostrando as mulheres árabes, no Egito, Tunísia e Líbia, fazendo reviver uma nova primavera dos povos!

Nesse ato unificado do 8 de março, a depender da Marcha Mundial de Mulheres, o que não aparecerá é que esse governo é sustentado também às custas de empregos precarizados, majoritariamente preenchidos por mulheres negras; que é este governo que se elegeu tendo que criminalizar as mulheres por fazerem aborto; que é o governo que mantém o seu exército liderando a invasão militar no Haiti, política forjada pelo imperialismo estadunidense, que estupra as mulheres, massacra o povo negro, e assassina todas e todos aqueles que se levantam contra a miséria que vivem, principalmente depois do terremoto de janeiro de 2010; que é o mesmo que não rompeu relações com o governo de Mubarak, contrapondo-se, assim, às justas demandas das mulheres, do povo e dos trabalhadores egípcios. Assim, defendemos que os setores antigovernistas devem ter uma política independente, com um bloco totalmente delimitado no ato e travando uma luta política para disputar o espaço com as direções governistas. Acreditamos que as mulheres da CSP-Conlutas e da Anel nesse momento devem desmascarar profundamente esse governo, apontando outro caminho para as jovens e trabalhadoras: o da organização independente aliada à classe trabalhadora para lutarmos pelo direito e pela legalização do aborto, contra a precarização do trabalho, pela retirada das tropas brasileiras e imperialistas do Haiti, e levantando a mais ampla solidariedade ao povo árabe pela queda de Kadafi e contra qualquer tipo de intervenção imperialista na região.

No último período, uma campanha gigantesca, liderada pela Igreja Católica, Evangélica, deputados e senadores – para a qual Dilma deu seu aval na sua campanha presidencial – foi impulsionada contra um direito elementar nosso: o direito ao aborto. Com esse tipo de campanha, os espaços que se abrem são para esses setores conservadores e assassinos só avançarem ainda mais sobre nós, dando mais “legitimidade” perante a população para a criminalização das mulheres que fazem abortos, assim como para a morte de muitas destas, em sua maioria mulheres pobres, negras e trabalhadoras (além de preservar os lucros homéricos das clínicas que fazem abortos clandestinos, com os quais se beneficiam, por baixo dos panos, esses mesmos setores antilegalização).

Nós, mulheres, temos o papel de reverter esse quadro, denunciando a hipocrisia do Estado brasileiro e seu governo atual que falam “em nome da vida”, mas que pisa no sangue de milhares de mulheres que são criminalizadas ou morrem por abortos clandestinos, que não disponibiliza condições dignas de vida às mulheres que decidem ter seus filhos e a seus filhos, com creches, escolas, moradia, alimentação, e que assassina todos os dias a juventude nas periferias, principalmente os jovens e negros – ou seja, as que mais sofrem com a falta desse direito são as trabalhadoras, justamente aquelas que, por conta do veneno ideológico que lhes é injetado, são contra o aborto; e por isso mesmo é que nós temos que mostrar a elas a crueldade do Estado e da Igreja, que além de não garantirem nem o direito ao aborto e nem o direito pleno à maternidade, ainda incutem em nossas mentes a culpa (pecado) por fazê-lo. Nós temos o direito de decidir sobre nossos corpos e nossas vidas, e não ficarmos submetidas à predestinação da maternidade simplesmente porque o Estado e a Igreja querem. Exigimos que a educação seja laica e que inclua a educação sexual nas escolas para decidir, anticoncepcionais gratuitos para não engravidar, e o aborto livre, legal, seguro e gratuito para não morrer, assim como o fim do acordo Brasil-Vaticano. E lançar com toda a força essa campanha hoje, iniciando-a no 8 de março e depois dando continuidade a essa luta, além de ser dela que dependem milhares de vidas de mulheres, é a forma mais concreta para desmascarar esse que é o primeiro governo de uma mulher no Brasil.

Sabemos que essa é uma bandeira fundamental para todo o movimento de mulheres, e por isso propusemos nas reuniões unificadas de organização do 8 de março que fizéssemos desta um dos eixos centrais para a unidade da luta por nossos direitos. A unidade de todos os setores feministas seria um primeiro passo para uma ampla campanha massiva pelo direito ao aborto. Porém, mais uma vez as organizações como a MMM preferiram abrir mão da luta pelo direito ao aborto para manter seus acordos com o governo, a partir da estratégia de um embate puramente parlamentar, e nesse sentido contrapondo-se a uma luta com independência de classe frente ao governo Dilma. Nesse marco, essa unidade não serve para arrancarmos nossos direitos.

No atual cenário de crise econômica, que hoje se abate principalmente sob os países da Europa e do norte da África, se coloca como necessidade para os governos, dentre eles o brasileiro, como forma de prevenção, a redução de custos e ataques aos direitos da classe trabalhadora. A aprovação do salário mínimo no valor miserável de R$ 545 vai nesse sentido, assim como o resgate bilionário de Lula aos banqueiros e grandes empresas em 2009, em detrimento de melhorias reais das condições de saúde, educação e moradia, dando de ombros para a tragédia das enchentes que vemos todos os anos acontecerem; assim como militariza as favelas, com as UPPs, e assassina a juventude pobre e negra para impor uma “paz social” capaz de receber endinheirados turistas para assistirem à Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016, o que traz rios de dinheiro a empresários brasileiros e ao próprio governo, e violência e desocupação de moradias aos pobres e trabalhadores; e assim também Dilma já anunciou um corte de gastos públicos de R$ 50 bilhões. E as mulheres sofrem duplamente com essa situação.

Também consideramos, por esses motivos, bastante importante levantar essas questões como uma das lutas que as mulheres trabalhadoras terão de travar, mas, ao invés de colocar isoladamente a questão do salário mínimo, mostrar como salário mínimo aprovado faz parte de um plano de precarização de todos os âmbitos da vida de trabalhadoras e trabalhadores, da juventude e dos negros. E com isso levantar como reposta a luta pelo salário mínimo do Dieese, que é o que corresponde de fato às necessidades das famílias, boa parte delas sustentadas pelas mulheres.

No entanto, se faz necessário, em primeiro lugar, desmascarar Dilma para que as trabalhadoras não tenham nenhuma ilusão nas promessas do governo de uma mulher, e saiam a lutar com independência de classe. Dizer que sua política não será a de honrar as mulheres e nem de erradicar a miséria, como ela alardeia, e que sua prática já desmente. Dizer que esse é o governo das mortes e criminalização de mulheres por abortos clandestinos, e da precarização da vida das mulheres que não fazem parte da classe dominante e que não estão em cargos de poder.

Frente aos levantes no mundo árabe, o processo revolucionário aberto no Egito e a rebelião popular na Líbia, os imperialistas norte-americanos e da União Europeia tentam se relocalizar. Após estabelecerem bons negócios com o regime líbio durante anos, agora os imperialistas querem criar condições para intervir direta ou indiretamente em defesa de seus interesses econômicos, e por isso tentam se descolar das figuras dos ditadores questionados. Aos que ocupam o Haiti, o Iraque e o Afeganistão cometendo todo tipo de massacres contra povos oprimidos, e que sustentam o Estado de Israel contra o povo palestino, não lhes interessam as reivindicações do povo árabe. Os imperialistas buscam se reacomodar depois da queda de Mubarak e com as fraturas do regime líbio. Temos que ser nós, as mulheres anti-imperialistas, as que nos colocamos ao lado das mulheres, do povo e dos trabalhadores da norte da África e do Oriente Médio que estão protagonizando levantamentos nestes países, e que não devem se deixar seduzir pela fraseologia imperialista, que busca substituir um despotismo por outro, como acontece hoje no Egito com o governo ditatorial da Junta Militar. Da mesma forma, devemos combater qualquer tipo de demagogia do governo Dilma que não rompeu relações com Mubarak, mostrando seu atrelamento com o imperialismo norte-americano, contrário às demandas do povo e dos trabalhadores que derrubaram o ditador, e que agora condena as violações cometidas por Kadafi sem denunciar a intervenção imperialista que se prepara para tentar subjugar ainda mais um povo. Apenas o exercício do poder por parte dos trabalhadores e camponeses pode garantir pão e liberdade aos que se levantam contra Kadafi!
Por esses motivos, fazemos um chamado para construirmos juntas um bloco antigovernista e anti-imperialista que combata veementemente a estratégia de conciliação de classes das direções governistas e que faça uma denúncia contundente do governo Dilma, e que junto à sublevação das mulheres e dos povos árabes possamos mostrar que a luta das mulheres por seus direitos, aliadas à classe trabalhadora, é parte fundamental da luta de classes. Que por esta via nos colocamos pelo direito ao aborto e sua legalização, por educação sexual nas escolas e preservativos, e pelo fim do acordo Brasil-Vaticano. Que permita colocar nossa solidariedade à luta do povo árabe contra os regimes ditatoriais, assim como contra qualquer tipo de intervenção imperialista, denunciando o governo Dilma que não rompeu relação com Mubarak no Egito e que agora continua calada frente a mais uma tentativa de subordinação de povos oprimidos pelo imperialismo norte-americano e europeu. Fazemos esse chamado para que exista uma clara posição antigovernista e anti-imperialista no ato unificado para disputar a consciência das mulheres trabalhadoras e jovens que estarão no ato porque querem arrancar nossos direitos, e com nossas forças discutirmos também com as companheiras do PSOL para que rompam seus acordos com as governistas e que marchem junto a nós.



Saudações,

Grupo de Mulheres Pão e Rosas

sexta-feira, 4 de março de 2011

ATO EM SP: No Dia Internacional de Lutas das Mulheres, JUNTE-SE AO BLOCO DO GRUPO DE MULHERES PÃO E ROSAS!

*Por educação sexual nas escolaS para decidir, contraceptivos gratuitos para não abortar, pela legalização do aborto livre, legal, seguro e gratuito para não morrer!
Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos!
Abaixo a campanha assassina antilegalização do aborto da Igreja, que tem o aval de Dilma!

*Abaixo a intervenção imperialista no norte da África, no Oriente Médio e no Haiti!
Viva a primavera árabe! Sigamos o exemplo das egípcias, tunisianas e líbias!
Fora tropas brasileiras do Haiti!
*Abaixo a precarização do trabalho e de nossas vidas!
Moradia, educação, saúde dignas!
 Pelo salário mínimo do Dieese!
Fora a PM das favelas!

Sábado 12 de março às 9h

Concentração na Pça. Roosevelt, em frente à Igreja da Consolação

Após o ato: confraternização com banda para continuarmos as discussões!
Local: Casa Socialista Karl Marx, Pça. Américo Jacomino, 49 - em frente ao metrô Vila Madalena