terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Homofobia: a vergonha do século XXI

A homofobia tem se tornado um problema de segurança e de saúde públicas. Estamos em pleno século XXI, mas quando se trata do assunto homossexualidade ou bissexualidade, os atores sociais dos segmentos conservadores da sociedade buscam esteriotipar e colocar os comportamentos que fogem dos padrões heteronormativos como doença ou pecado.
Um grande exemplo é o Pr. Silas Malafaia, que não tem a vergonha de dizer que não se pode criminalizar a homofobia, pois isto expressaria um limite à liberdade de expressão e pensamento religioso. Não se cansa de dizer que o "homossexualismo" (a expressão "ismo" contida no final da palavra deflagra o sentido de que a homossexualidade implica doença) é pecado e que os homossexuais perecerão no inferno, se não voltarem à sua natureza conforme a criação de Deus: homem e mulher/cenora no figo, em outras palavras, vagina e pênis.
Estes ideólogos que colocam a homossexualidade como coisa anormal são uma versão mais tosca daqueles padres que queimavam as bruxas no século XVI e daqueles idiotas do período vitoriano que afirmavam que a mulher não podia sentir prazer na relação sexual. Ou seja, querendo ou não, o pastor Silas Malafaia e outros fariseus hipócritas contemporâneos tendem a submeter a relação sexual mediante a análise  de que o sexo serve apenas para reprodução.
Diante disto, vemos que não se dá importância à identidade de gênero das pessoas e nem à orientação sexual das mesmas. O que o pastor não sabe é que as pessoas têm orientações sexuais distintas, podendo ser heterossexual, homossexual e/ou bissexual e, mediante esta orientação, a pessoa assumirá determinada identidade de gênero, que pode ser, lésbica, gay, travesti, transexual ou transgênero.
Com isto, não é doença ou pecado assumir o que se sente. Doença é esconder aquilo que realmente é. Pecado consigo mesmo é não se permitir amar e ser amado por uma pessoa que realmente lhe interesse.
Além das manifestações mais amenas como no caso deste pastor acima citado ou do chanceler da reitoria da Universidade Mackenzie - uma das mais bem conceituadas universidades particulares de São Paulo (e uma das mais caras também) - houveram na cidade de São Paulo, entre os meses de Novembro e Dezembro, cerca de 5 ataques à homossexuais. O mais brutal deles - pelo menos o mais brutal dos que temos conhecimento - ocorreu numa manhã de domingo na avenida Paulista (veja o vídeo a seguir, se você ainda não viu). Um jovem menor de idade e de classe média atacou um rapaz que estava andando na rua com uma lâmpada florescente. O rapaz fez uma cirurgia no rosto para reparar os danos causados pela agressão.
Isto nos faz refletir sobre quais as pessoas que estamos formando hoje para serem os adultos do futuro.
Em uma sociedade falocêntrica e de ideologia burguesa imperam valores racistas, machistas e homofóbicos, que não respeitam a diversidade, presente nas subjetividades humanas e nas relações sociais. Portanto, há necessidade de se pensar a homofobia dentro dos parâmetros patriarcais e capitalistas nos quais estamos inseridos. Cabe a pergunta: Por que o Senado demora tanto para aprovar a lei contra homofobia, se os deputados aprovam em menos de um dia o reajuste de seus próprios salários? Por que o PNDH 3 não avançou em questões de suma importância para a garantia de direitos civis como o casamento homoafetivo e a legalização do aborto? Por que o presidente ex-metalúrgico, ex-sindicalista e sem dedo assinou o tosco "Acordo Brasil Vaticano", que prevê o ensino religioso nas escolas? Por que a nova presidente eleita recua quando se trata de casamento entre pessoas do mesmo sexo e descriminalização do aborto?
Estas são questões que devem ser refletidas antes de serem dadas respostas que reproduzem o estado de coisas. Obviamente, diante de todas estas questões pesam o fato do Brasil não ser um país realmente laico, como professa a Constituição Federal de 1988. O Brasil ainda tem muito de país feudal moderno, em que pesa o clero - catolico ou evangélico - e os senhores feudais, representados pelos coronéis do sertão, ou da mídia, ou dos grandes conglomerados de empresas. Este é um dos países em que a desigualdade de recursos e de oportunidades é mais presente, se comparado à países sulamericanos também em desenvolvimento, como Uruguai e Chile.
Por fim, continuo na minha tese de que a emancipação de gênero só se dará nos marcos da emancipação humana. Ou seja, na ultrapassagem desta sociedade indigna em que vivemos para um modelo de sociedade pautado na produção para suprimento das necessidades humanas, tanto materiais como espirituais, em que os homens se reconheçam no produto de seu trabalho, produzindo bens para o conjunto da sociedade, respeitando os limites naturais. Uma sociedade igualitária, em que todos tenham acesso aos bens produzidos pelo gênero humano. Somente assim e, por meio de uma contracultura feminista forte, poderemos vencer o capitalismo e todos os micro sistemas que o sustentam e dialeticamente são sustentados pelo modo de produção, quais sejam o machismo, o racismo e a homofobia.

Para finalizar, reproduzo um vídeo que achei no You Tube.
Cada vez mais se faz necessária a luta contra a homofobia, por meio de uma contra cultura que leve em conta a diversidade sexual e o respeito à identidade de gênero.

Nenhum comentário:

Postar um comentário