sábado, 12 de março de 2011

Ato do dia 12 de Março de 2011, pelo Dia de Luta Internacional da Mulher: minha visão/opinião

Olá, sujeitos concretos!
Hoje, na parte da manhã, estive presente ao ato feministas que era para ter sido realizado tradicionalmente no Dia 08. Por ocasião do carnaval, o movimento feminista de São Paulo, achou por bem fazer tal ato neste sábado.
Pra começar, uma coisa posso dizer: nem a chuva desmobilizadora nos parou. Antes, pelo contrário, muitas pessoas (homens e mulheres) estiveram presentes à manifestação, que tinha o intuíto de denunciar as condições em que as mulheres vivem, ainda no século XXI e, de reivindicar a concretização de nossos direitos civis, políticos e sociais elementares, dentre eles: isonomia salarial, legalização do aborto gratuíto e seguro, fim da violência contra as mulheres por meio de ações mais rígidas e propositivas do poder público, mais creches para os nossos filhos, dentre outros.
Quando cheguei ao ato, circundei toda a praça que dá de frente para a Igreja da Praça Rousevelt, a famosa Igreja da Consolação. Percebi que as militantes da Marcha Mundial das Mulheres estavam em peso, já com seus tambores improvisados. A mulherada dos PT também estava em peso, assim como as da CUT.
Note-se que este é um capítulo a parte: nem a Marcha e muito menos as feministas do PT e da CUT estavam afim de fazer um enfrentamento direto ao governo Dilma. Governo este que concede um aumento salarial vergonhoso para o povo trabalhador, enquanto os parlamentares receberão 62% a mais neste ano do que receberam no ano passado. Governo este que criminaliza as mulheres que abortam e que trata este tema de forma muito confusa e muito dogmatica, colocando a questão do aborto como um assunto religioso, quando deveria tratá-lo como questão de saúde pública.
Não há como negar que essas são questões que afetam diretamente (e negativamente) a vida das mulheres. Sem falar, que no Brasil, a cada 15 segundos uma mulher é vítima de violência e que 3,9 mulheres são assassinadas a cada 100 mil habitantes.
Tudo isso leva a crer que as companheiras da MMM, do PT e da CUT, além das militantes feministas do PC do B (já ia me esquecendo deste) até podem reivindicar a efetivação dos direitos às mulheres, mas com certeza não vão colocar os governantes na parede, dizendo que as políticas devem partir deles para a concretização dos mesmos. E assim elas fizeram: até cantaram, batucaram e tudo o mais. Mas, não houve uma crítica rigorosa ao governo e nem ao capitalismo. Tudo que vinha delas sobre capitalismo e imperialismo era uma coisa muito superficial.
Apesar delas, feministas pró-governo, estarem em grande número, haviam também militantes do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados) e da LER-QI (Liga Estratégia Revolucionária-Quarta Internacional), com seu coletivo próprio o Pão e Rosas, no qual conta também com a presença de militantes independentes. Eu, particularmente, fiquei junto ao pessoal da Anel, do coletivo Mulheres em Luta e das mulheres da CSP-Conlutas. Todas entidades citadas neste parágrafo são anti-governo e anti-capitalistas, até que se prove o contrário. Estavam presentes outras centrais sindicais e outros coletivos também.
A praça Rousevelt já estava lotada quando o primeiro trio elétrico partiu. Em seguida partiu o trio elétrico do PSOL e depois o nosso, com as mulheres da Conlutas, do Mulheres em Luta, do Pão e Rosas, dentre outros.
Fomos caminhando (e cantando e seguindo a canção....rsrsrsrs, zueira) atrás do trio elétrico e todo o tempo choveu muito.
O bloco tinha a intenção de ser unificado. Mas, agora que eu não pertenço a mais nenhum coletivo e, por enquanto, não quero participar, pude ver tudo o que aconteceu e certas coisas eu comecei a compreender.
O bloco não estava unificado. O Pão e Rosas gritava algo e o Mulheres em Luta gritava outra coisa diferente e a recíproca também é verdadeira. Tipo, sabe... quando existem coletivos realmente bons... eles preferem se diferenciar por causa de uma briga de ego do que chegar a um comum acordo e ter uma estratégia unificada. Creio que a questão da opressão de gênero seja algo muito superior do que o simples desejo de se revelar melhor e mais combativo do que outros coletivos. Isso é uma coisa que fragmenta totalmente o movimento feminista, que já está fragmentado graças a cooptação e integração de movimentos sociais ao governo petista, realizado sobretudo por causa de seu caráter populista.
Óbvio que não dá pra compactuar com as feministas brasileiras "reformadas" do século XXI. Mas com certeza, em um dado momento LER e PSTU vão ter que entrar num consenso sobre suas diferenças e fazer um bloco realmente unificado.
O que aconteceu hoje foi o que sempre vemos na FSA e nos encontros da Anel. Pra quem não conhece essas instâncias devo dizer que LER e PSTU se envolvem toda "santa" vez, com o perdão da palavra aos comunistas ateus que lerão esse post, em brigas de foice por causa de briga de ego... na maioria das vezes essas manifestações de sectarismo vem pelo lado da LER, que não entram em um consenso com o pessoal do PSTU.
Por outro lado, não vejo pelo lado do PSTU algum esforço para unificar as estratégias, pelo menos não o vi neste atooooo!!!!
De qualquer forma, essas rinhas cansammmmmmmm! Me cansou também! Cheguei ao fim da minha paciência com isso!
Porém, ainda resta um caminho: do consenso e da reconciliação. Enquanto o feminismo, verdadeiramente socialista, anti-imperialista e anti-governo, continuar do jeito que está as mulheres trabalhadoras só irão perder!
Por fim, concluo que apesar do bloco não ter sido unificado como se pretendia, ao menos posso dizer que nosso bloco foi o mais combativo e o mais subversivo de todos! Gritamos pelas mulheres trabalhadoras, em homenagem às mulheres árabes, contra Makadaf e o imperialismo norte americano.
Essa mulherada socialista é porreta! Imagina quando se unificar realmente.....
Boa semana a todos

2 comentários:

  1. Luciana querida,
    infelizmente não consegui chegar no ato, praticamente rodei São Paulo inteiro de metrô me confundindo entre as estações. Resultado, quando cheguei à Igreja da Consolação, o bloco já havia passado, restando apenas a sujeira da panfletagem, com isso, fiquei tão P. da vida que não quis ir atrás de mais nada, então resolvi ir embora, já que considerei estar forçando a barra comigo mesma.
    Depois de ter me justificado, já que combinamos de nos encontrar lá, gostaria de dizer que adorei o post, dei muita risada da forma como você escreveu sua experiência e, além disso, ressaltar que tenho vários acordos com o que você relatou sobre o movimento feminista de uma forma geral.
    Entendo que quando estamos inseridos em um grupo, seja ele qual for se não estamos atentos em nossa consciência, acabamos nos envolvendo em várias ideologias e não percebendo que a nossa primeira intenção, neste caso, a luta pelos direitos da mulher, já não é a mais importante e aí o que vemos sãos os movimentos cooptados pelo governo ou até uma disputa torpe de egos, isto é, vemos em ambas as situações o Movimento fracionado e a luta prejudicada.
    Por fim, mesmo com todos os desafios que temos pela frente, fico feliz de ainda existir o desejo pela luta e espero que ela não cesse nunca independente do governo ou do sistema político que estiver vigorando. E muito mais do que bradarmos em um dia contra o machismo, a violência e a falta de políticas públicas para as mulheres, precisamos cotidianamente trabalhar para esse fim.

    Beijos

    Gleice Neves

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  2. Oi Gleice, querida!
    Estou de acordo com você! A luta antisexista não deve ocorrer apenas no dia 08 de Março, mas todos os dias!
    Pra isso a gente tem que ocupar cada vez mais os espaços públicos e fazer da prática feminista uma realidade em nossas próprias vidas e em nossa atuação profissional.

    Bjus

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