sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Plebe Rude rachando o concreto no Sesc Belenzinho

Capa do primeiro album da Plebe Rude "O Concreto já rachou"

Sou assistente social e não crítica de música. Mas, não posso deixar de escrever sobre o que vi e vivi no dia 06 de Agosto de 2011, no SESC Belenzinho.
Pra quem não sabe, a Plebe Rude ainda faz shows, ainda lança álbuns e está melhor do que nunca, agora com a turnê de lançamento do álbum Rachando o Concreto Ao Vivo, 30 anos.
Sim, a banda de Brasília que surgiu nos anos 80, como a melhor das bandas, nas palavras do próprio Renato Russo, está em ótima forma com Clemente, líder da também banda punk fodástica oitentista Inocentes, substituindo Jander Bilaphra e o mais novo baterista, Marcelo Capuchi. Do resto, a melhor banda de Brasília de todos os tempos contiua a mesma: com Philipe Seabra e André Mueler, além da sempre virtuosidade de uma banda que após 30 anos, venceu os percalços e continua firme e forte.
Nunca fiz resenha de show, mas segue meu "parecer" sobre esse show maravilhoso, que rolou num sábado a noite:

A Plebe Rude e seus 30 anos de história


Show da Plebe Rude no SESC Belenzinho

Passados 30 anos do surgimento da banda e 25 anos do lançamento do álbum manifesto "O Concreto já Rachou", de 1985, a Plebe fez um álbum de comemoração o "Rachando o Concreto Ao Vivo, 30 anos", com o lançamento de CD e DVD, em Maio deste ano.
Divulgando o novo album, a banda iniciou a turnÊ no mês de julho, iniciando suas apresentações em Florianópolis e logo depois em Curitiba.
Nos dias 05 e 06 de Agosto, a banda se apresentou em São Paulo em dois shows incríveis na Comedoria do SESC Belenzinho, tocando músicas existencialistas e de crítica social, sempre na pegada forte que a Plebe já está acostumada desde seu nascimento.
O show começou com "O que se faz", passando por músicas como "Katarina", "Medo" da não mesmo importante banda punk paulistana Cólera, dentre outras tão especiais como "Bravo Mundo Novo", "Brasília", "Censura", "Pressão Social", "A Ida", "Este ano", "Dançando no Vazio", etc... todas ótimas para pular e gritar e cantar junto (e bater cabeça)... coisas de fã!

Philipe Seabra encima da mesa.

Mas, pra mim, o ponto alto do show foi quando a banda tocou "Proteção", uma das músicas mais importantes do rock de Brasília. Com todo o vigor que o som exige, a banda acoplou à música "Selvagem", dos Paralamas do Sucesso e "Pátria Amada" dos Inocentes, sem contar que o Philipe Seabra desceu do palco, literalmente, deixando o povo totalmente maluco - um cara deixou um copo de caipirosca cair no chão, deixando a pista de dança um sabão (perigosíssimo pra quem "pogou") - e depois subiu em uma mesa. Na descida, acreditem... ele pegou na minha mão :O.
E como não poderia deixar de ser, a Plebe Rude finalizou o show tocando... tocando... tocando... adivinhem... claro, o grande sucesso da banda, uma das músicas nacionais mais importantes para qualquer militante de esquerda, ela... "Até quando esperar"! Um verdadeiro hino da geração de roqueiros que resistiram à ditadura militar nos anos 80.
Depois disso, o show acabou e claro, eu e meu marido estávamos tão felizes, tão contentes e com uma energia tão excelente que esquecemos de pagar o estacionamento do SESC!!!


Banda assim... NEVER MORE!

Pode parecer que estou tendo um ataque de fã histérica, mas é impossível falar de Plebe Rude sem citar a sua história de luta e resistência.
Herbert Vianna dizia a eles: "Vocês são punks, mas são burros", referindo-se às insubordinações da banda em relação à vontade das gravadoras, no caso, a EMI Odeon.
Mas, enfim, isto seria sinal de burrice??? Acho que não! Creio que seja mesmo o desejo sincero de ser coerente. De aproximar o máximo possível as letras cantadas com a carreira vivida.
Hoje, infelizmente, não temos mais esta sorte. Não vemos mais bandas de rock cantando músicas de protesto e pesadas.
Parece que a música jovem atual vive o mesmo processo de letargia em que vivem milhões de jovens no Brasil. Ainda que muitos jovens desenvolvam um histórico de militância, somos ainda a minoria em relação àqueles que não estão nem ai pra nada.
Deste modo, a música emo é resultado do mundo Pós-moderno, com seus valores de individualismo, esvaziamento do sentido de coletivo, incredulidade das pessoas em relação ao próximo e aos projetos individuais e societários.
O Emo, apesar de muita gente dizer que se parece com o punk, deste se distingue e se distancia em todos os sentidos.
A péssima qualidade da música que escutamos hoje não se refere a apenas e tão somente à falta de ideologia apresentada nas letras, mas também à irrisória qualidade técnica das bandas, que em muito saem perdendo para bandas como Ultrage a Rigor, IRA!, Legião Urbana, dentre muitas outras.




Ainda bem que temos bandas que resistem ao mercado, resistem aos modismos, resistem à MTV e a outras cositas mais, como a Plebe Rude.
Sendo ainda mais puxa-saco tenho que admitir: ainda que eu fale e continue falando bem da Plebe, nada se compara ao valor que a banda realmente tem pra mim.
VIVA A PLEBE RUDE! VIVA O ROCK RESISTENTE E COERENTE!
QUE O ROCK NACIONAL DOS ANOS 80 SEJA CONSIDERADO PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO!!!!




2 comentários:

  1. Taí... gostei! Um texto simples, mas que relatou com coerência e a devida paixão uma grande noite!

    Parabéns!!!

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  2. Opa adorei o texto, sempre é melhor quando se escreve com o coração, parabéns

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