terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Pela soberania popular e contra a ocupação militar

O Complexo do Alemão e a Vila Cruzeiro foram tomadas pelo poder militar, estadual e nacional, no mês de Dezembro de 2010. Sabemos que a ocupação ocorreu como resposta aos atos de organizações criminosas, como ADA (Amigos dos Amigos) e Comando Vermelho (CV), que queimaram ônibus, incendiaram carros e promoveram alguns arrastões pela cidade do Rio de Janeiro.
A ocupação militar, tão alardeada pela mídia burguesa como uma vitória do Estado sobre o crime, esconde a dura realidade da população favelada. Coletivos da área de Direitos Humanos rechaçam esta alcunha de "heróis da pátria" concebida aos militares em missão, denunciando o que verdadeiramente ocorre nos morros onde ocorre a ocupação.
Sabemos que esta intervenção militar só ocorreu para que o Estado possa levar às últimas consequencias seu desejo de "higienização da cidade" para as Olímpiadas de 2016 e para a Copa do Mundo de 2014. Várias obras do PAC estão sendo realizadas com o intuito de esconder a verdadeira realidade do Rio de Janeiro: "cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos".
Com isto, podemos dizer que a ocupação militar, nos termo em que ocorreu, é uma ação que reprime os pobres ao invés de protegê-los.
Os militares entram nas casas das pessoas sem mandado de busca e apreensão. As casas são reviradas, os moradores são torturados. Algumas vezes, alguns utensílios domésticos são quebrados. Há indícios de que quando as casas estão vazias durante o dia, os policiais arrombam e invadem a casa, na busca de bandidos. Ou seja, os trabalhadores que moram nas favelas não podem nem trabalhar, porque é provavel que algum policial entre em sua casa e saia quebrando tudo.
Há relatos inclusive, conforme reportagem da Revista Caros Amigos de Dezembro, que alguns moradores após serem torturados e não terem absolutamente nada a dizer sobre o paredeiro do dito traficante, são obrigados a dar dinheiro para os policiais.
Podemos também refletir sobre o verdadeiro papel da implantação das UPPs (Unidades de Policia Pacificadora (?)) nas comunidades, que inclusive foi o motivo da ocorrencia dos atos criminosos realizados pelas organizações supra citadas.
As UPPs protegem a população? Tudo indica que a instalação das mais de 15 UPPs na cidade localizam-se
em regiões onde as favelas ficam mais próximas dos bairros ricos. Ou seja, a policia pacificadora -que de pacificadora não tem nada, uma vez que está sempre com a arma em punho para apontar para qualquer morador negro que aparecer pela frente - não tem a missão de proteger os moradores do tráfico, mas sim, de proteger a propriedade privada dos ricos que moram no entorno.
Com isto, percebemos o recorte de classe diante desta questão. Mas as coisas pioram mais ainda quando falamos sobre a intervenção da mídia em todos os momentos da ocupação militar nos morros. A mídia colocou a ocupação como um fato histórico: naquele dia, o Estado enfim ocuparia a favela e despejaria os traficantes!!! Isto é reiterar a ideologia de que todo pobre é criminoso e que deve ser tratado com repressão e tortura. O tão afamado Estado Democrático de Direito teria mesmo ocupado o território se levasse para lá políticas públicas sociais eficientes que atendessem as principais demandas da população daquelas áreas afetadas pela pobreza, pela falta de moradia digna, pela falta de saneamento básico, pela falta de escola, de creche, de UBS, de hospital. Ou seja, o Estado sempre esteve ausente da vida das comunidades e só protagonizou alguma ação quando chamou as forças armadas para reprimir os moradores.
Desta forma, verificamos que "não há nada de novo no reino da Dinarmaca" nesta ação do Estado: continua reprimindo os pobres, dentro de um Estado dividido em classes sociais.
Por firm, percebemos que a população das comunidades ocupadas não estão seguras nem com a polícia e nem com os traficantes. Aliás, além de contestarmos a legitimidade destas ações policiais totalmente arbitrárias, podemos também refletir se a ocupação na favela seria a ação mais eficaz do Estado contra o tráfico. Na verdade, sabemos a resposta: não, esta não foi e nunca será a ação mais acertada do Estado para combater o tráfico.
Uma ação militar eficiente, se fosse o caso, teria que ocorrer nas fronteiras, onde todos sabemos que ocorre a entrada de tais drogas para todos os Estados brasileiros.
Posso estar sendo radical no que eu vou dizer, mas para mim, a guerra às drogas propagada é, na verdade, a guerra aos pobres!
Desta forma, penso que para que a população pobre deixe de sofrer com os desmandos dos traficantes, policiais e/ou milicianos, faz-se necessária a legalização das drogas. Esta é a única forma de acabar com o crime organizado e de deixar de punir os usuários e a população empobrecida.

PELA SOBERANIA POPULAR!
FORA AS TROPAS MILITARES DOS MORROS DO RIO!
QUE O ESTADO PASSE A OLHAR COM MAIOR ATENÇÃO AS DEMANDAS DO POVO, AO INVÉS DE REPRIMIR!

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