segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A eleição de Dilma e a questão do aborto

Uma mulher na presidência!
Para nós, mulheres trabalhadoras, tanto faz! Serão mais quatro anos de barbárie, pelo menos no que concerne à criminalização do aborto.
Dilma, havia dito em um primeiro momento de sua candidatura que o aborto é uma questão de saúde pública. Porém, voltou atrás. Na eminência do segundo turno, fez aliança com Igrejas Católicas e Evangélicas, escrevendo uma carta de compromisso onde dizia ser contra o aborto e a que a Legislação sobre o tema não seria alterada sob seu governo.
Pensemos, então, sobre quem são as mulheres que abortam: estudos mais recentes revelam que as mulheres que abortam são casadas, têm uma vida financeira estável e já têm mais que um filho. Porém, como não há dados concretos sobre o aborto, pelo fato do mesmo ser ilegal em qualquer caso que não seja o de estupro e de risco de vida à mãe, não podemos explanar com um número absolutamente fiel em relação à quantidade de mulheres que optam por interromper a gravidez, mas estima-se que cerca de um milhão de mulheres abortam todos os anos no Brasil.
Em uma sociedade de classes, as mulheres que têm dinheiro para pagar por um aborto seguro o fazem por R$ 4.000,00 em clínicas clandestinas chiques. As mulheres que não têm dinheiro para interromper a gravidez pagam com a vida. São submetidas aos piores métodos para abortar, uma vez que engravidaram por que não utilizaram contraceptivos eficientes e sofrem com o machismo e com a falta de educação sexual nas escolas. Educação esta que se limita a explicar como as meninas engravidam, mas não explicam como se dá a sexualidade na adolescência.
Vemos, portanto, o machismo imperando sob a consciência popular: se a mulher aborta é uma vadia que merece ser presa, se ela é pobre e tem sete filhos, ela é uma vadia que só sabe abrir as pernas. Enfim, a mulher pobre e, na maioria das vezes, negra é sempre a penalizada pela sua condição de mãe ou de mulher que escolhe pelo aborto.
Mas voltemos à candidatura Dilma e Serra. Entre um que é viementemente contra o aborto e prefere criminalizar as mulheres que escolhem por si,  temos outra candidata que disse ser contra o aborto, mas disse ainda mais: afirmou que a mulher que aborta deve receber atendimento no SUS, não devendo ser presa, mas receber atendimento das decorrências do aborto.
Ora, se a mulher não pode fazer um aborto descente no SUS, sendo tratada apenas das decorrencias negativas de tal ato apenas depois do procedimento inseguro, quais os ganhos para esta mulher? Ela, com certeza, chegará no hospital do SUS com hemorragias e demais sintomas que colocam sua vida em sofrimento e em risco. Ou seja, a mulher está sendo penalizada de qualquer forma. Pode até não ser presa, mas poderá pagar com sua vida pelo ato que, segundo a sociedade brasileira conservadora, é um crime.
Além disso, sabemos muito bem como funciona o SUS. A mulher que optar por um aborto clandestino terá que esperar filas e burocracia para ser atendida. Neste sentido, não seria mais fácil legalizar o aborto e oferecê-lo no SUS de forma gratuíta e segura?
Sou contra todo e qualquer tipo de religião. Concordo com o velho Marx quando este afirma que a religião é ópio do povo e, ademais, tem submetido as mulheres à condições vexatórias. Vide o apedrejamento na palestina e o casamento de meninas de 7 anos com marmanjos de 25. Vide a Bíblia que coloca a mulher  sempre como a vilã da história, um ser que é apenas decorrência do homem, sendo este a matriz da humanidade.
De fato, Dilma não irá legalizar o aborto. Haja vista o acordo assinado entre Brasil e Vaticano no ano de 2009. Acordo totalmente inconstitucional, uma vez que fere o princípio do Estado laico.
A intervenção da Igreja volta a ter peso sob o Estado burguês, como nos tempos do feudalismo. O estado burguês, neoliberal assume uma forma cristã, que deve ser rechaçada pelos movimentos feministas, de mulheres e de direitos humanos.
Por isso, engrosso a campanha do Pão e Rosas pela legalização do aborto!

MAIS NENHUMA MULHER MORTA POR TER ABORTADO!
BASTA DE INTERVENÇÃO RELIGIOSA NO ESTADO E NA SOCIEDADE! ESTA HIPOCRISIA CAUSA HEMORRAGIA!
POR UMA EDUCAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO QUE CONTEMPLE A QUESTÃO DA SEXUALIDADE E DA DIVERSIDADE SEXUAL!

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