terça-feira, 2 de novembro de 2010

Somos todos escravos sulamericanos


Sim, há trabalho escravo em São Paulo, sobretudo no ramo da indústria de confecção!
A força de trabalho escrava, porém, não é nativa. Vem, em sua marioria, do Paraguai e da Bolívia, sendo composta majoritariamente por mulheres.
Segundo a revista Caros Amigos do mês de Julho de 2010, tais trabalhadores sulamericanos tornam-se presas fáceis nas mãos dos capitalistas escravagistas, por conta dos baixos níveis de escolaridade e das precárias condições de vida no país de origem.
Estes trabalhadores vêm à São Paulo por meio dos atravessadores, denominados também como "coiotes".
Os mesmos trabalhadores são incorporados à indústrias têxteis terceirizadas que produzem para grandes magazines como Mariza, Renner, Riachuelo, Pernambucanas, Collins, dentre outras.
As jornadas de trabalho são extenuantes, a liberdade é cerseada a todo o momento e as condições de trabalho são muito precárias. Estima-se que um trabalhador ganhe de R$0,40 à R$ 1,50 por peça. Além disso, conforme reportagem da revista Claudia do mês de Junho, há relatos de que crianças, filhos de tais trabalhadores, brincam ao lado das máquinas, sem nenhuma segurança. As camas ficam todas na oficina, para que não haja perda de tempo na produção.
Há relatos que afirmam que há cães de grande porte nos quintais de tais indústrias, impedindo a "fuga" destes trabalhadores, que precisam sanar suas dívidas de viagem, alojamento e alimentação aos industriais.
Outro fato que pesa é a condição ilegal de tais imigrantes no Brasil.
Quando autuadas pelo Ministério do Trabalho, as empresas que vendem a produção de tais indústrias escravagistas, afirmam que não sabiam do fato, pois trabalham com o sistema de terceirização.


----------------PRÉVIA DO CONTESTO INTERNO E EXTERNO-------------
O neoliberalismo preconiza a existência de um exército de reserva para que a taxa de desemprego esteja sempre em níveis aceitáveis para a concorrência entre os trabalhadores, visando o aumento dos lucros das empresas . Esse exército de reserva se reproduz por meio da desigualdade social e da miséria que assola os países capitalistas periféricos, como é o caso de países sulamericanos como o Brasil, o Paraguai e a Bolívia. Num contexto de internacionalização da economia, as grandes corporações buscam incentivos fiscais e força de trabalho barata para se estabelecer em países em desenvolvimento.
Fato é que no Brasil, os trabalhadores têm vivido sob péssimas condições de trabalho, sem a segurança previdenciária desejada, nos casos dos trabalhadores terceirizados e subcontratados. Apesar dos anúncios populistas do governo Lula afirmarem que o desemprego diminuiu no Brasil, é fato que tais trabalhadores estão sendo inseridos no mercado de trabalho de forma precária e subcontratada, muitas vezes como temporários.
No caso dos trabalhadores sulamericanos escravizados em São Paulo, é bom que se diga que quem utiliza da força de trabalho escrava também é boliviano ou paraguaio. Ou seja, aqueles que vieram para São Paulo também como escravos, passam a explorar seus conterrâneos, se utilizando da miserabilidade de seu povo.
Frente a isto, podemos dizer que não existe o conceito de nação no capitalismo e nem nunca existiu, apesar da propaganda elitista fazer a afirmação da "defesa da nação" em momentos de crise econômica. Existem, sim, duas classes sociais: a classe trabalhadora contra a classe burguesa, ainda que esta última seja a pequena burguesia que explora ao máximo a força de trabalho dos trabalhadores que não têm como sobreviver em seu país de origem.




----IMPULSIONAR UMA GRANDE CAMPANHA CONTRA O TRABALHO ESCRAVO----
Nós, socialistas precisamos estar ao lado dos trabalhadores que sofrem com a precarização das relações de trabalho nos marcos do neoliberalismo. E, por isso, devemos impulsionar uma ampla campanha contra o trabalho escravo no Brasil. Comecemos com o boicote às empresas que vendem os produtos da força de trabalho escrava e semi-escrava. Vamos boicotar Marisa, Renner, Riachuelo e afins. Vamos boicotar também as próprias indústrias têxteis que utilizam trabalho escravo, muito conhecidas dos consumidores, como a Hering e a Marisol.
Depois disso, devemos nos mostrar solidários aos sulamericanos que vivem em São Paulo e são vulneráveis a ação dos escravagistas.


Diga não aos produtos do trabalho escravo!
Pela organização independente dos trabalhadores!
Pela regulamentação de todos os estrangeiros no Brasil, para que os mesmos possam compartilhar de direitos com os cidadãos nativos!
Por uma fiscalização efetiva do Ministério do Trabalho!
Pela punição dos "barões da moda"!

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