sábado, 13 de novembro de 2010

O rodeio das gordas e a imposição do padrão de beleza

Desde pequena vejo o que é considerado certo e errado no que diz respeito ao padrão de beleza. Padrão este que a mídia nos impõe, praticamente nos faz engolir goela abaixo.
Sempre fui contestadora dos padrões de beleza, mas confesso que tive complexo de inferioridade na adolescência. Não era a típica gostosa que passa na televisão e, em certa medida, me sentia um pouco mal por não corresponder.
Ocorre que nem todas as mulheres compreende o que está por trás de tais padrões de beleza. A verdade é que existem padrões para que as empresas de comésticos e as clínicas de estética lucrem com nossa baixa alto-estima e com a vergonha do nosso próprio corpo.
Para a mulher trabalhadora o padrão de beleza atual é inalcansável. Mas, ela tentará atingí-lo comprando um aparelho de ginástica, um creme milagroso ou juntando dinheiro e fazendo uma cirurgia plástica, para reduzir o estômago ou aumentar os seios.
Quando estamos próximos do início do verão as coisas pioram: todos os programas femininos rídiculos que passam na tv ficam colocando a necessidade de se perder peso e de entrar com "tudo encima" no verão.
Muitas são as mulheres que perdem a saúde e até mesmo a vida se arriscando em métodos invasivos para conseguir o corpo ideal. Muitas adolescentes sofrem de transtornos alimentares graças à programas femininos, reality shows, dentre outras baboseiras enlatadas que colocam os corpos femininos como meras mercadorias a serviço do macho.
Pois bem, diante disto, percebemos que a sociedade reforça tal padrão sem ao menos questioná-lo. Nem os jovens de classe média alta que passam em um vestibular e têm a sorte de estudar em uma das melhores universidades públicas do país deixam de reproduzir o que a sociedade machista e falocêntrica coloca. Grande exemplo disso é o "Rodeio das gordas" realizado no Interunesp deste ano. Há relatos de que esta atrocidade vem ocorrendo desde 2006.
Estes jovens, quase sempre ricos, criados como reis em um contexto de ideologia machista e burguesa, que procura oprimir o mais fraco o tempo todo, humilham jovens acima do peso, se divertindo às custas da humilhação de uma mulher, que não corresponde aos padrões de beleza.
Ora, ocorre neste caso, além da agressão física imposta a tais mulheres, o cerceamento da liberdade das mesmas que têm todo o direito de ir e vir dentro da universidade, além de terem o direito irrevogável de participar de uma festa, sem serem humilhadas e oprimidas por isto.
E é com a finalidade de lançar um pequeno manifesto, que lanço as seguintes palavras de ordem:


  • TODO APOIO ÁS ESTUDANTES AGREDIDAS! POR UMA PUNIÇÃO VERDADEIRA AOS AGRESSORES;
  • NÃO AOS PADRÕES DE BELEZA IMPOSTOS PELO CAPITALISMO; NÃO SOMOS MERCADORIAS;
  • NÃO SOMOS OBJETO DE DESEJO, MAS SIM SUJEITOS DESEJANTES!


2 comentários:

  1. Olá Luciana, muito legal seu texto. Lemos sobre esse acontecido em toda midia corporativa, mas obviamente nenhuma critica profunda, que realmente perceba o porque disso tudo... quando falamos em objetificação muitxs gritam clichê! mas nada explica melhor o porque de as mulheres receberem sistematicamente 'elogios' e 'pontapés'. Essa noção de que a mulher DEVE satisfação à todo e qualquer homem e que esse tem o direito de julgá-la e sentenciá-la só prova que na nossa cultura é normal considerar a mulher um objeto da qual o(s) homen(s) são os proprietários.

    Pois é, nem escravas NEM MUSAS! Donas do seu próprio destino, das suas próprias vontades, da sua própria noção de beleza!

    No mais, estamos nos organizando para te enviar os zines o quanto antes... mas estamos no meio de uma tormenta, das boas! Depois da feira do livro, começamos nossa mudança e agora estamos devidamente instaladxs, mas ainda com muito pra organizar, muitas caixas por desfazer! Agora, quando quiseres vir pra PoA, será um prazer recebe-la!

    Grande Abraço, Igor Ação Antisexista

    ResponderExcluir
  2. Igor, colega anarcopunk!
    Obrigada por seu comentário, que foi muito acertado e muito bem redigido.
    Continuemos na nossa luta: Nem escravas, nem musas!!!!!

    Abraços,

    ResponderExcluir